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    Censo: mais da metade da população indígena vive nas cidades

    Segundo o levantamento, a população indígena total no Brasil chegou a 1.694.836 pessoas em 2022

    IBGE: população indígena no Brasil cresceu 205% em 20 anos (Foto: Marcello Casal Jr/ABr )

    247 - A população indígena que reside em áreas urbanas no Brasil alcançou 914.746 pessoas em 2022, o que representa 53,97% do total de indígenas do país. Esse número reflete um crescimento de 181,6% em relação a 2010, quando 324.834 indígenas viviam em zonas urbanas (36,22% do total). Os dados são do Censo Demográfico 2022: Indígenas - Principais características das pessoas e dos domicílios, divulgados nesta terça-feira (19) pelo IBGE.

    Segundo o levantamento, a população indígena total no Brasil chegou a 1.694.836 pessoas em 2022, correspondendo a 0,83% da população nacional. Em 2010, esse grupo somava 896.917 pessoas (0,47% do total). O crescimento expressivo de 88,96% em 12 anos reflete não apenas mudanças demográficas, mas também avanços nos métodos de pesquisa, como destacou Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE:

    “As variações da população indígena de 2010 para 2022 não se devem exclusivamente a componentes demográficos ou a deslocamentos populacionais entre áreas urbanas e rurais, mas também aos aprimoramentos metodológicos do Censo 2022, que permitiram uma melhor captação da população indígena, inclusive em áreas urbanas.”

    Migração urbana e desafios sociais

    O levantamento revela que os estados com maior percentual de indígenas em áreas urbanas são Goiás (95,52%), Rio de Janeiro (94,59%) e Distrito Federal (91,84%). Em contraste, regiões como Mato Grosso, Maranhão e Tocantins concentram as maiores proporções de indígenas em áreas rurais, ultrapassando 79% da população indígena local.

    Apesar do aumento na urbanização, o estudo aponta desafios significativos no acesso a serviços básicos. Apenas 59,24% dos indígenas residentes em áreas urbanas fora de terras indígenas têm acesso a esgotamento sanitário adequado, frente a 83,05% da média nacional urbana. Já em relação à água, 89,92% dessa população têm acesso à rede geral ou abastecimento canalizado, número inferior aos 97,28% da média urbana do país.

    “Mesmo residindo em áreas urbanas e fora de seus territórios oficialmente reconhecidos, a população indígena tem menor acesso aos serviços de saneamento básico que o conjunto da população do país”, reforçou Marta Antunes.

    Aspectos demográficos e avanços sociais

    A idade mediana da população indígena é de 25 anos, dez anos abaixo da média nacional. Nas áreas urbanas fora de terras indígenas, a idade mediana sobe para 32 anos, enquanto nas áreas rurais, especialmente dentro de terras indígenas, cai para 18 anos. A convivência intergeracional é uma característica marcante, com a presença de netos em 7% dos domicílios indígenas, índice superior à média nacional (4%).

    O estudo também revelou avanços na educação. A taxa de analfabetismo entre indígenas caiu de 23,40% em 2010 para 15,05% em 2022. Esse recuo foi mais acentuado nas áreas rurais (de 32,16% para 20,80%), mas também ocorreu em áreas urbanas (de 12,29% para 10,86%).

    Uma realidade em transformação

    Os dados do Censo 2022 consolidam um panorama detalhado das condições de vida e mudanças da população indígena brasileira. Apesar do crescimento populacional e da migração para áreas urbanas, os desafios estruturais permanecem, sobretudo no acesso a direitos básicos e na preservação cultural.

    A divulgação, que ocorreu na Casa Brasil-IBGE, no Rio de Janeiro, trouxe também dados sobre localidades indígenas e contou com transmissão ao vivo pelo IBGE Digital. As informações completas estão disponíveis no portal do IBGE e em plataformas como o Panorama do Censo e a Plataforma Geográfica Interativa (PGI).

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