Cronologia de atos da ação da PF que protegeu Moro torna suspeita a politização feita pelo senador
Gabriela Hardt, substituta de Moro na Lava Jato que prolatou sentenças derrubadas pelo STF por suspeição, ordenou operação depois de entrevista do presidente à TV 247
247 – Em 20 de janeiro de 2023 o ex-juiz e senador eleito pelo Paraná, Sérgio Moro, foi comunicado pelo Grupo de Acompanhamento e Enfrentamento ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo e pela Polícia Federal que um plano para o sequestrar e, eventualmente, assassiná-lo, havia sido detectado a partir de um monitoramento de células da facção criminosa PCC – Primeiro Comando da Capital. As polícias legislativas da Câmara dos Deputados (Rosângela, mulher de Moro, é deputada federal por São Paulo) e do Senado também foram comunicadas. O monitoramento prosseguiu de forma acurada e silenciosa até a manhã de ontem.
Na sexta-feira passada, 17 de março, a juíza federal Gabriela Hardt assumiu como substituta da Vara Federal do Paraná onde se coordenava a ação integrada das polícias Federal, Legislativa e paulista. O monitoramento permaneceu inerte. Na terça-feira de manhã, por volta de 11h30min, em entrevista à TV 247 transmitida ao vivo pelo canal do portal no YouTube, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou de forma transparente e direta o que respondia a procuradores da Lava Jato no Paraná que promoviam uma espécie de “bullying” judicial contra ele enquanto esteve preso indevidamente na superintendência da PF em Curitiba em razão de sentença de Moro, considerada enviesada e imprópria pelo Supremo Tribunal Federal. “Quero que o Moro vá se f***!”, relatou o agora presidente da República contando qual era a sua reação àquela época. O trecho tem escassos 7 segundos numa entrevista riquíssima sobre Política, Governo e Comportamento Humano que durou 1h42min47seg.
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Imediatamente depois das imprecações de Lula irem ao ar, às 11h30min de ontem, terça-feira, 21 de março de 2023, edições impróprias e enviesadas daquele trecho da fala dele começaram a irrigar perfis de bolsonaristas e de lideranças de extrema-direita nas redes sociais – inclusive do próprio senador Sérgio Moro, de Rosângela Moro e do deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR).
Às 11h49min do mesmo dia 21 de março, a juíza Gabriela Hardt assinou os mandados de busca e apreensão e prisão da operação de proteção a Moro que estavam sendo pedidos desde janeiro deste ano. Às 12h47min do mesmo dia, os mandados foram incluídos no e-Proc, a rede por meio da qual são ordenadas as ações. Às 14h33min de ontem mesmo, 21 de março, o senador Sérgio Moro foi ao canal de TV CNN e disse que, com a entrevista, e com a reminiscência de seus tempos de cadeia (indevida) em Curitiba, o presidente da República estaria “colocando a vida dele em risco”. Ao sair de frente das câmeras da CNN, Moro tuitou conteúdo semelhante nas redes sociais.
A quarta-feira, 22 de março, amanheceu com a Polícia Federal comandada pelo ministro da Justiça Flávio Dino nas ruas e atuando para executar todos os mandados de prisão e de busca e apreensão contra os criminosos do PCC ou ligados à facção criminosa que ameaçavam sequestrar e matar Moro. O senador, sua esposa e seus aliados políticos, contudo, estavam desde cedo replicando tuítes e provocações ligando os 7 segundos da entrevista transparente de Lula dada à TV 247 a uma esdrúxula e inexistente ação de fomentar e estimular crimes. Enquanto foi ministro da Justiça do então presidente Jair Bolsonaro, o senador Sérgio Moro jamais atuou para conter o discurso e a prática armamentistas do ex-chefe e dos filhos dele.
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