Dallagnol perguntava, em conversas na Lava Jato sobre rachadinha de Flávio: “O pai vai deixar?”
Dallagnol e outros procuradores trocaram mensagens sobre o esquema de Flávio Bolsonaro especulando sobre participação do pai e consideraram que o clã iria aparelhar a Procuradoria Geral da República
247 - O aparelhamento da Procuradoria Geral da República (PGR) por Jair Bolsonaro foi a principal consequência prevista pelos procuradores da Lava Jato quando estourou o escândalo das “rachadinhas” do agora senador Flávio Bolsonaro. O assunto foi tratado com ironias entre eles. “O problema é: o pai vai deixar?”, escreveu Dallagno. Os diálogos foram obtidos pela CNN e aconteceram em dezembro de 2018, depois da eleição, mas antes da posse de Jair Bolsonaro.
O título de notícia publicada à época foi: “Bolsonaro diz que ex-assessor tinha dívida com ele e pagou a primeira-dama”. E Dallagnol comenta, segundo o jornalista Caio Junqueira, da CNN: “Coaf com Moro. Aiaiai”. Na época, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que produziu o relatório que embasou a acusação de rachadinha contra Flavio, seria subordinado, no novo governo, ao Ministério da Justiça de Moro.
Januário Paludo então lhe pergunta: “Lembra de algo Deltan? Aiaiai.” A procuradora Jerusa Viecili fala na sequência: “Falo nada ... Só observo ??”. E Deltan ri: Kkk. É óbvio o q aconteceu... E agora, José?”
Ele passa, então, a elucubrar sobre o caso: “Moro deve aguardar a apuração e ver quem será implicado. Filho certamente. O problema é: o pai vai deixar? Ou pior, e se o pai estiver implicado, o que pode indicar o rolo dos empréstimos? Seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no supremo? Agora, Bolso terá algum interesse em aparelhar a PGR, embora o Flávio tenha foro no TJRJ. Última saída seria dar um ministério e blindar ele na PGR. Pra isso, teria que achar um colega bem trampa. Acho que Moro já devia contar com a possibilidade de que algo do gênero acontecesse”.
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