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    Delação recusada de Cunha tinha mensalão de deputados, denúncia contra Temer e poderia revelar o golpe contra Dilma

    A proposta de delação premiada do ex-deputado Eduardo Cunha, que colocou em marcha o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff, revelaria como ele montou seu mensalão particular com uma bancada de 120 deputados e como Michel Temer, que usurpou a presidência, se beneficiava do esquema de corrupção

    Dilma Rousseff e Eduardo Cunha

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    247 – Se a Lava Jato tivesse aceito a proposta de delação premiada do ex-deputado Eduardo Cunha, do MDB, o Brasil saberia como ele montou um mensalão para 120 deputados, que lhe permitiu chegar à presidência da Câmara, onde articulou o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff, e como Michel Temer, usurpador da presidência da República, se beneficiava do esquema. É o que aponta reportagem de Felipe Bachtold, da Folha, e Rafael Neves, do Intercept.

    "Em sua fracassada tentativa de fechar um acordo de delação na Lava Jato, o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), atribuiu irregularidades a cerca de 120 políticos e disse ter arrecadado R$ 270 milhões em um período de cinco anos para repartir com correligionários e aliados, sendo 70% via caixa dois. Cunha entregou sua proposta de delação a procuradores em meados de 2017, mas seus relatos foram considerados pelos investigadores superficiais demais, e não houve acordo", aponta o novo capítulo da Vaza Jato.

    "Nos mais de cem capítulos de sua proposta de delação, Cunha dá sua versão para a formação de um grupo de dezenas de deputados que o elegeu para o comando da Casa em 2015 e descreve como angariou gradualmente influência dentro do então PMDB (hoje MDB), liderado por Michel Temer, que assumiria a Presidência da República em 2016. Temer está entre um dos principais alvos dos relatos, assim como o ex-ministro Moreira Franco (MDB) e o ex-governador fluminense Anthony Garotinho (sem partido)", revelam os jornalistas.

    No primeiro mandato de Dilma Rousseff, ampliou sua força nos bastidores até a formação de um "blocão", parlamentares de outros partidos além do MDB, o que serviria de base para sua eleição ao comando da Câmara, em 2015, e para os quais também atuou na arrecadação de recursos. "A maior parte dos políticos mencionados na proposta de delação é relacionada a essa articulação, em 2014. Disse ter arrecadado R$ 148,6 milhões naquele ano, repassados a mais de 60 deputados", apontam os jornalista. O dinheiro vinha de empreiteiras, "empresas de ônibus", "montadoras de veículos", a JBS, além de doações oficiais de bancos. São mencionadas como contrapartida aprovações de medidas de interesse desses grupos no Congresso.

    "Há ainda menções ao hoje presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Cunha diz que Maia foi beneficiário de R$ 300 mil repassados pelo empresário Natalino Bertin a Moreira Franco, em 2010, em contrapartida a um financiamento obtido no governo federal e afirmou ainda que atuou para que o hoje presidente da Câmara ficasse à frente de uma comissão de transportes da Casa, em 2013", aponta a proposta de delação.

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