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    Dilma: está em curso a destruição da história brasileira do século XX

    Em entrevista ao DCM, a ex-presidenta Dilma Rousseff analisou o avanço do neoliberalismo no Brasil desde o fim da ditadura militar. Ela citou o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como responsável pela introdução das primeiras modificações neoliberais no Estado

    Ex-presidente Dilma Rouseff (Foto: Ricardo Stuckert)

    247 - Em entrevista ao DCM, a ex-presidenta Dilma Rousseff falou do avanço do neoliberalismo no Brasil e afirmou que o cenário político atual é o mais grave desde o fim do regime militar, em 1985. Ela disse que está em curso "um processo de destruição da história brasileira do século XX", com o desmonte do Estado desevolvimentista e do bem estar social.

    Para a ex-presidenta, a junção do neoliberalismo com o neofascismo do governo Bolsonaro torna a conjuntura política atual a mais grave dos últimos tempos. "Acredito que estamos no momento mais grave da história política recente pós-redemocratização no Brasil. Estamos vivendo uma situação inusitada, de um certo ponto de vista, no mundo. É a convergência de um governo neoliberal com um regime político neofascista".

    Dilma afirmou que a precarização do Estado brasileiro desenvolvimentista e de bem estar social caracteriza um proceso de destruição da história do Brasil. "Está em curso um processo de destruição da história brasileira do século XX, que são dois grandes acontecimentos. O primeiro é a construção do Estado brasileiro, um Estado desevolvimentista com as grandes estatais, e o Estado de bem estar social, com a Constituição de 1988 e todo o surgimento de movimentos sociais".

    Segundo Dilma, o governo de Fernando Henrique Cardoso é o responsável pela implementaçãpo das primeiras características neoliberais na economia brasileira. "Veio o governo Fernando Henrique Cardoso e introduziu algumas modificações que já criavam uma ordem neoliberal. Exemplo disso está em uma certa visão que só olha o lado da austeridade fiscal e não olha o lado do desemprego, só olha o lado do controle do endividamento e não olha o lado do crescimento econômico com criação de emprego".

    "No resto do mundo isso anda junto, o controle da dívida e o controle do aumento do emprego, quando o emprego cai há uma preocupação generalizada. Aqui no Brasil o desempregado é até tributado", completou.

    Ela lembrou que os governos do PT lutaram contra a desigualdade e a fome no Brasil e que conseguiram barrar por quatro eleições consecutivas a instauração do neoliberalismo no país. "Nós assuminos o governo com o presidente Lula e o que aconteceu? Nós voltamos a uma política de redução da desigualdade em um dos continentes mais desiguais do mundo".

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