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    Douglas Belchior: “Não basta ser negro para ter o seu voto"

    "Não basta que pessoas negras se prontifiquem ou a gente bata recordes de candidaturas negras", disse o ativista antirracista Douglas Belchior. Segundo ele, é preciso ter "candidaturas ou pessoas negras comprometidas com a luta histórica do movimento negro"

    (Foto: Reprodução)
    Dayane Santos avatar
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    247 - Douglas Belchior, do movimento Coalizão Negra por Direitos, destacou a importância no movimento antirracista nas eleições muncipais do próximo domingo, dia 15. Formado em História pela PUC/SP, professor Rede Pública Estadual, e fundador e professor no Movimento Uneafro-Brasil, Douglas frisou que, em meio à pandemia que paralisou o mundo, a questão racial ganhou espaço no mundo e, principalmente no Brasil.

    “Chegamos em novembro de 2020 de um ano que vai entrar para a história como aquele do surto de um vírus letal altamente contagioso no mundo inteiro. Mas também é um ano que, mesmo diante desse vírus, da paralisia do planeta por conta desse vírus, o único fenômeno capaz de atravessá-lo foi o debate sobre o conflito racial no mundo”, destaca.

    “Como defender a democracia num país estruturalmente racista? Secularmente racista como o nosso? Isso constrangeu parte da classe média progressista brasileira. Constrangeu a grande imprensa, os intelectuais, os artistas que foram movidos a se manifestarem sobre racismo não só ao que acontece foram, mas ao que acontece dentro. Isso colocou o debate racial em um outro patamar”, declarou Douglas, enfatizando que, a partir do que aconteceu nos Estados Unidos, com o assassinato brutal de George Flyod, o debate sobre o racismo estrutural ganhou espaço, mas que esse debate também é fruto do acumulo da luta dos movimentos negros.

    E questiona: “Qual é o nosso papel diante disso? Qual é o papel dos brancos antirracistas que arrotaram antirracismo o ano inteiro no momento eleitoral, se não praticar o seu antirracismo diante do voto?”.

    Ele reforça que aqueles que se posicionaram contra o racismo tem a chance efetiva de fazer a mudança. “Não basta ser negro para ter o seu voto. Não basta que pessoas negras se prontifiquem ou a gente bata recordes de candidaturas negras. O povo negro foi durante muito anos proibido de votar. Depois foram proibidos de serem candidatos. Hoje nós temos candidatura negras. Mas nós não alcançamos ainda o direito de sermos eleitos. E muito menos a ter nos espaços de poder, candidaturas ou pessoas negras comprometidas com a luta histórica do movimento negro, com a agenda dos movimentos negros”, afirma Douglas.

    Confira o vídeo:

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