É preciso dar um 'basta' em Bolsonaro, diz ex-economista-chefe do Credit Suisse e do Chase Manhattan
"Não é possível conviver com um aprofundamento contínuo da crise em várias frentes e continuar sem nenhuma ação prática na direção da abertura do processo de impeachment do presidente", diz Nilson Teixeira
247 - Nilson Teixeira, ex-economista-chefe do Credit Suisse e do Chase Manhattan, afirma, em um artigo publicado no jornal Valor Econômico, que “há décadas que o Brasil não se sujeitava a tamanha insegurança institucional. Em um momento com tantos problemas sanitários, educacionais e econômicos, choca observar o presidente inserir um grau tão elevado de risco à estabilidade política”. Segundo ele, "não é possível conviver com um aprofundamento contínuo da crise em várias frentes e continuar sem nenhuma ação prática na direção da abertura do processo de impeachment do presidente".
“O clima belicoso cresceu muito desde a eclosão da pandemia, com o presidente adotando postura negacionista sobre o alcance, a gravidade e a propagação da contaminação por covid-19, ao mesmo tempo em que se voltava contra as políticas de restrição à mobilidade patrocinadas por entes regionais para conter a doença”, ressalta o economista. As críticas de Bolsonaro aos posicionamentos do STF que contrariam suas vontades, em particular dos ministros Luiz Fux e Alexandre de Moraes, aumentaram em demasia, com intimidações inconsistentes com o papel de chefe do Executivo”, completa.
Ainda segundo ele, “o ruído político ultrapassou os limites da razoabilidade a ponto de proliferarem cartas de defesa do estado de direito por parte de grupos dos mais diversos espectros, vários dos quais compostos por eleitores de Bolsonaro em 2018. Os riscos tornam-se irrefutáveis quando surgem documentos, mesmo que por ora informais, assinados por diversas associações de classe, inclusive a Febraban e a Fiesp, historicamente caracterizadas pela relação pacata com os poderes constituídos, transmitindo sua contrariedade com a deterioração política”.
Teixeira também observa que “o número de participantes da manifestação de 7 de setembro será interpretado pelo presidente, por razões óbvias, como uma aprovação integral da sociedade ao seu governo, suas ameaças e suas críticas aos demais Poderes, em particular ao STF”. “Em suma, não há mais como crer que os ataques do presidente contra ações derivadas do funcionamento normal dos demais poderes sejam simples jogo político e partidário, mesmo quando mesclados por defesas ardilosas do estado de direito e da harmonia”, afirma mais à frente.
Para ele, “caso a crise institucional e política continue piorando, não haverá mais condições para os parlamentares, em particular o presidente da Câmara dos Deputados, se esquivarem de utilizar os instrumentos previstos na Constituição para frear comportamentos e ações nitidamente antidemocráticos. Não é possível conviver com um aprofundamento contínuo da crise em várias frentes e continuar sem nenhuma ação prática na direção da abertura do processo de impeachment do presidente. É preciso dizer: ‘Basta!’”.
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