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    Estratégia golpista detalhava riscos e indicava possíveis sanções internacionais

    Documentos revelam articulações para justificar golpe e driblar pressão externa

    Presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversa com presidente dos EUA, Joe Biden, durante reunião do G7 na Itália 14/06/2024 (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)

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    247 - Um relatório da Polícia Federal, datado de 14 de novembro de 2024, trouxe à tona novos detalhes sobre os planos de um golpe de Estado no Brasil. De acordo com o jornalista Jamil Chade, em sua coluna no UOL, as investigações apontam que os envolvidos consideravam os riscos de sanções internacionais, ao mesmo tempo em que elaboravam estratégias para justificar suas ações perante a opinião pública global.

    Entre os investigados está o tenente-coronel do Exército Helio Ferreira Lima, cuja participação em reuniões e posse de documentos estratégicos foi destacada no relatório. Segundo a PF, Lima mantinha em seus arquivos uma planilha detalhada, intitulada "Desenho Op Luneta.xlsx", que abordava diversos aspectos de um suposto planejamento golpista, como fatores políticos, econômicos, militares e sociais.

    O relatório descreve o conteúdo do documento como um plano minucioso para "restabelecer a lei e a ordem" sob o pretexto de "retomada da legalidade e estabilidade institucional". A narrativa incluía "neutralizar a atuação do STF e do ministro Alexandre de Moraes" e sustentar uma alegação de fraude nas eleições de 2022 como justificativa para as ações golpistas.

    Pressão internacional e sanções como ameaça real

    Um ponto de destaque no plano estratégico era o risco de sanções internacionais. "O conteúdo do documento contém trechos que indicam um planejamento de ruptura institucional em razão, possivelmente, do resultado das eleições presidenciais de 2022", pontua a PF. A avaliação dos conspiradores reconhecia que uma ruptura democrática poderia levar a retaliações políticas e econômicas por parte da comunidade internacional.

    Ainda assim, os militares delinearam estratégias para minimizar o impacto externo, como reforçar as fronteiras e divulgar uma narrativa legalista e de segurança institucional. Conversas entre os suspeitos indicavam o uso de adidos militares em embaixadas brasileiras para promover a narrativa golpista no exterior. "Tem que usar os adidos militares nas embaixadas para fazer propaganda e cooptar a população lá fora", sugeriu um dos envolvidos, segundo o informe da PF.

    Atuação dos EUA e aliados para proteger a democracia brasileira

    A possibilidade de sanções não era meramente hipotética. O governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Joe Biden, enviou sinais claros de que não apoiaria qualquer tentativa de golpe. Desde reuniões com representantes militares brasileiros até declarações públicas, Washington deixou evidente sua posição em defesa da democracia no Brasil.

    A preocupação americana ia além das fronteiras brasileiras, como revelou Chade. A experiência do ataque ao Capitólio em 2021 moldou a resposta dos EUA, que viam um eventual golpe no Brasil como um perigoso precedente para o fortalecimento de movimentos de extrema direita no mundo.

    Em reuniões entre altos representantes das duas nações, incluindo o então ministro da Defesa do Brasil, general Paulo Sérgio Nogueira, os recados foram firmes. "As instituições democráticas brasileiras são sólidas", afirmaram representantes americanos, rejeitando qualquer respaldo a ações que atentassem contra o processo eleitoral ou a estabilidade política no país.

    Reação internacional e blindagem da democracia brasileira

    A pressão internacional não partiu apenas dos Estados Unidos. Líderes europeus e latino-americanos também se posicionaram de forma clara. Após os ataques de 8 de janeiro de 2023, que ganharam repercussão global, autoridades de diversas nações reforçaram seu apoio ao governo democraticamente eleito de Luiz Inácio Lula da Silva.

    "O presidente Joe Biden chamou os ataques de 'ultrajantes'", relembra Chade. Já o senador americano Bernie Sanders enfatizou que "a violência não tem lugar numa democracia".

    Além da diplomacia formal, ativistas brasileiros, ministros do Supremo Tribunal Federal e embaixadores aposentados desempenharam um papel crucial ao alertar capitais internacionais sobre os riscos de uma ruptura institucional. Esses esforços colaboraram para que a resposta global fosse rápida e contundente, isolando qualquer tentativa de legitimação de um regime autoritário no Brasil.

    A estratégia golpista e seu fracasso

    Os documentos apreendidos e os diálogos interceptados revelam não apenas a complexidade do plano, mas também os desafios enfrentados pelos conspiradores. A articulação internacional contra o golpe, somada à resistência interna, minou as chances de sucesso da empreitada.

    A pressão externa, combinada com a rápida reação das instituições brasileiras, mostrou que o custo de uma ruptura institucional seria insustentável para seus apoiadores. Ainda assim, as investigações em curso continuam a desvelar os detalhes de uma das maiores ameaças à democracia brasileira em tempos recentes.

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