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    Estudo internacional desmente tese de Bolsonaro de "imunização de rebanho"

    Pesquisadores da USP fizeram um estudo publicado na revista The Lancet que indica: pessoas que já contraíram o coronavírus podem ser reinfectadas. A tese da imunidade de rebanho defendida por Jair Bolsonaro contra a ciência não se sustenta

    (Foto: Mídia NINJA | REUTERS/Amanda Perobelli)

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    247 - Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) fizeram um estudo apontando que a variante Gamma, anteriormente conhecida como P.1, originada no Brasil, tem possibilidades de escapar dos anticorpos neutralizantes gerados pelo sistema imunológico a partir de uma infecção anterior com outras variantes do coronavírus. Os resultados foram obtidos in vitro, ou seja, em laboratório, de acordo com os estudiosos. 

    "É fundamental entender que pessoas infectadas podem ser infectadas novamente", aponta William Marciel de Souza, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, primeiro autor do artigo. O trabalho foi publicado como artigo na revista científica The Lancet em 8 de julho e desmente categoricamente a tese da "imunização de rebanho" de Jair Bolsonaro.

    Foram analisadas amostras do plasma de pacientes que tiveram a doença, e também de pessoas imunizadas pela vacina CoronaVac. "A pesquisa mostra que pessoas que foram vacinadas ainda estão suscetíveis à infecção, se você tomou a vacina continue usando máscara, continue com distanciamento social, continue usando as medidas de higiene para evitar a transmissão para outras pessoas", aconselhou Marciel de Souza.

    Souza lembra que os estudos clínicos mostram a eficiência da coronavac contra formas graves da doença, reduzindo internações e mortes. "A vacina não é contra infecção, infecção pode acontecer a qualquer momento, com qualquer vacina, o objetivo da vacina é contra a doença, a forma grave, da pessoa morrer, ter sequelas graves".

    Apesar de a vacinação ser uma das principais formas de evitar o avanço da infecção, o governo Bolsonaro sabotou em várias ocasiões a coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan (SP).

    Sem citar evidências, ele disse, em junho deste ano, que "muita gente" não estaria desenvolvendo anticorpos depois de tomá-la. Em outubro do ano passado, Bolsonaro atacou a China e anunciou que não compraria insumos do país asiático para a produção de imunizantes.  

    As agressões dele também colocaram em risco a oferta de vacinas ao Brasil. Em maio, a farmacêutica SinoVac cobrou uma mudança de posicionamento do governo para garantir o envio de insumos ao Butantan.

    Estatísticas

    Cientistas da USP, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) haviam feito um estudo apontando que o Brasil ainda precisa aplicar 196 milhões de doses de vacinas para alcançar a imunização completa de toda a sua população adulta, ou 160 milhões de pessoas com mais de 18 anos. Com o ritmo atual, o país alcançará a meta de imunizar 90% de seus 160 milhões de adultos apenas no primeiro trimestre de 2022.

    Até essa quinta-feira (22), 36.533.170 de brasileiros receberam a segunda dose ou a dose única de alguma vacina, o que representa 17,25% da população nacional, apontou um levantamento do consórcio de veículos de imprensa, com base nas informações fornecidas pelas secretarias estaduais de saúde.

    Na plataforma Wordometers, que disponibiliza dados globais sobre a pandemia, o Brasil registrou até esta sexta-feira (23) o terceiro maior número de infectados pelo coronavírus (19,5 milhões), atrás de Índia (31,2 milhões) e Estados Unidos (35,2 milhões). 

    O governo brasileiro também registrou a segunda maior quantidade de mortes causadas pela pandemia (547 mil), atrás dos EUA (626 mil).

    *Com informações da Agência Brasil

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