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    Ex-chefe da Receita usou aplicativo, áudios, telefonemas e emails para pressionar servidores a liberar joias dos Bolsonaro

    "(O conjunto de joias) É do presidente da República. Existe um gabinete pessoal, é um órgão que ele criou", disse o ex-dirigente da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes

    Julio Cesar Vieira Gomes (à esq.) e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução | Reprodução/Twitter | Reuters/Joe Skipper)
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    247 - O ex-chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes pressionou servidores públicos a liberar as joias detidas na alfândega de Guarulhos (SP). Para enviá-las a Jair Bolsonaro (PL) e a Michelle Bolsonaro, o ex-dirigente usou atos extraoficiais que, no cargo de comando da Receita, não poderiam ser utilizados. Ele pressionou servidores, por meio de mensagens de texto enviadas por aplicativos como Whatsapp, gravou áudios, fez telefonemas e encaminhou e-mails sobre o assunto. A pressão chegou também a subsecretários do órgão. Na legislação, presentes são patrimônio do Estado brasileiro e não bens pessoais. O ex-ocupante do Planalto admitiu ter ficado com um dos dois pacotes de joias e recebeu itens avaliados em cerca de R$ 400 mil. O outro pacote, que teria como destino a esposa dele, guardava joias estimadas em cerca de R$ 16,5 milhões. 

    A versão de Gomes confirmou o que as investigações haviam apontado. Documentos mostraram que pelo menos uma parte das joias tinha como destino o acervo privado de Bolsonaro. A Polícia Federal (PF) descobriu que uma parte das joias ficou em um galpão onde ficam objetos pessoais do ex-ocupante do Planalto, o que também foi confirmado pelo coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do político do PL.

    De acordo com informações publicadas nesta quarta-feira (8) pelo jornal O Estado de S.Paulo, em um dos áudios, Gomes disse a um servidor que o material "faz parte do gabinete pessoal" da Presidência da República. "É do presidente da República. Existe um gabinete pessoal, é um órgão que ele criou".

    Em 29 de dezembro do ano passado, o ex-chefe da Receita Federal ligou a mando de Bolsonaro para o primeiro-sargento da Marinha, Jairo Moreira da Silva, que tinha acabado de desembarcar no aeroporto de Guarulhos. O objetivo do contato era retirar as joias. Gomes tentou intervir para que um auditor-fiscal no aeroporto liberasse as joias de diamantes, mas não conseguiu. 

    Em nota, Gomes afirmou que, quando acionou, por telefone, um emissário de Bolsonaro no dia 29 de dezembro, no aeroporto de Guarulhos, seu objetivo não era autorizar a liberação dos itens, mas informar o militar sobre a situação em que os bens apreendidos se encontravam. "Em relação à conversa telefônica que teve sobre o assunto no dia 29 de dezembro, apenas informei ao servidor público designado que a incorporação dos itens ainda estava em análise e, portanto, não ocorreria naquela data", declarou.

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