Fachin diz que Lava Jato “não só não acabou como mal começou”
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), afirma que o modelo de força-tarefa de investigações do Ministério Público “produz mais resultados”, e considera que a dissolução da Lava Jato pela PGR (Procuradoria-Geral da República) não significa o fim da operação
247 - Em entrevista ao jornalista Matheus Teixeira da Folha de S.Paulo, Fachin diz que a Lava Jato chegou no “andar de cima” e que a operação “não só não acabou como mal começou” e que há “sintomas de revigoramento” da corrupção por parte de agentes do Estado. Ele traça um sinal de igualdade entre o que considera os dois lados do lavajatismo - o que só vê defeitos e o que só enxerga qualidades na atuação da operação.
"Como o senhor avalia a ação da PGR de acabar com a força-tarefa da Lava Jato?" - pergunta o jornalista. "Do ponto de vista do resultado que se apresentou nesse período, entendemos que a Lava Jato, como em todas as ações humanas, tem virtudes e tem defeitos, mas não tenho a menor dúvida de que virtudes superam os defeitos. Não divinizo nem demonizo no sentido de entender que não há circunstâncias a verificar ou até mesmo a corrigir, como aliás o STF já fez".
Questionado sobre se o fim da força-tarefa passa um sinal ruim à sociedade em relação ao combate à corrupção, Fachin faz questão de dizer que "o que acabou foram as forças-tarefas". Mas, em sua opinião, a "operação denominada Lava Jato não acabou e nem poderia". E justifica afirmando que "a corrupção de agentes do Estado infelizmente tem apresentado sintomas de revigoramento".
Fachin mostra-se crítico em relação às práticas antidemocráticas do governo de extrema direita de Jair Bolsonaro. Diz que a "remilitarização do governo civil" é um sintoma preocupante. O ministro do STF critica também as "intimidações de fechamento dos demais Poderes", as "declarações acintosas de depreciação do valor do voto", as "palavras e ações que atentam contra a liberdade de imprensa" e o incentivo às armas e por consequência a violência".
Fachin fez também declarações sobre o novo presidente da Câmara, Arthur Lira, apoiado por Jair Bolsonaro. O ministro do STF sustenta a tese de que o investigado torna-se réu no momento em que a Justiça aceita a denúncia do Ministério Público, o que significa dizer que, na visão dele, Arthur Lira é réu e não pode assumir a Presidência da República. Segundo a Constituição, o presidente da Câmara dos Deputados é o segundo na inha de sucessão em caso de vacância da Presidência da República.
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