Gleisi: 'temos um plano mostrando o caminho, sabemos que é possível fazer. Não tem milagre'
Em entrevista conjunta com o presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil, lançado nesta segunda-feira (21), pode mobilizar a população em torno de uma nova perspectiva de futuro. "Estamos mostrando alternativas para reconstruir o País", afirmou
247 - A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, e o presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, concederam entrevista coletiva para falar sobre o Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil, lançado nesta segunda-feira (21) pelo PT.
Segundo Gleisi, a divulgação do Plano é uma forma de mobilização da sociedade em torno de uma perspectiva para o Brasil diferente da implementada pelo governo de Jair Bolsonaro.
"Temos um plano mostrando o caminho, sabemos que é possível fazer, o estado tem condições e os recursos necessários. As pessoas podem acreditar, estamos mostrando alternativas para reconstruir o País", disse a presidente do PT.
Sobre as eleições municipais deste ano, Gleisi Hoffmann disse que há um acordo entre o PT e demais partidos de oposição como PCdoB, PSOL e Rede para apoios no segundo turno do pleito, e defendeu uma maior participação do PDT e PSB nas conversas.
Gleisi também defendeu a eleição municipal será um momento relevante para debater as propostas contidas no plano e esclarecer a população que outro projeto de País é possível. "As eleições de 2020 serão uma oportunidade para mostrar às pessoas. E depois vamos continuar isso. Não tem um milagre, é no caminhar que nós vamos fazer, como fizemos quando chegamos ao governo", afirmou.
Financiamento das ações
As propostas apresentadas no Plano do PT promovem uma expansão fiscal das contas públicas. O presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, afirmou, no entanto, que o aumento de gastos não representa um problema para o País e indicou alguns meios para financiar as medidas propostas. A utilização das reservas internacionais, atualmente em US$ 342 bilhões, não está entre as opções do partido.
"Somos contra utilizar as reservas cambiais. O Brasil está preservado nas suas contas externas por conta delas. Vamos ter que buscar outros caminhos. Um deles é tributar quem tem condições de contribuir. Quem tem ganhos extraordinários e não tributados deve dar sua contribuição", afirmou Mercadante sobre a taxação de grandes fortunas, prevista no documento.
A proposta do PT prevê contratação imediata de 5 milhões de trabalhadores. De acordo com o plano, tais vagas de emprego seriam criadas em atividades de interesse público na área urbana, rural e de característica ambiental de curto prazo, como atividades ligadas ao enfrentamento da pandemia; de manutenção urbana e de espaços públicos; de reforma de instalações, especialmente escolas e postos de saúde; manufaturas e serviços destinados ao mercado; além de atividades auxiliares em equipamentos públicos, nas áreas de saúde, previdência e assistência social.
Outra medida é a retomada da política de valorização do salário mínimo, o maior instrumento de melhoria da distribuição da renda nos governos do PT. O governo Bolsonaro não renovou a regra e o salário mínimo está sendo reajustado apenas pela reposição da inflação.
As medidas foram concebidas com base em contribuições de centenas de pessoas – trabalhadores, mulheres, negros, indígenas, representantes do setor público, LGBTQI+, artistas e intelectuais – comprometidas com o desenvolvimento do país.
O documento baseia-se em cinco pontos principais: desenvolvimento social, desenvolvimento sustentável, desenvolvimento econômico, soberania nacional e a radicalização da democracia.
Destaques do plano – resumo
- Aumento real do salário mínimo todo ano
- Novo seguro-desemprego, por mais tempo, maior valor e para mais trabalhadores
- Revogar a reforma trabalhista, para devolver os direitos do trabalhador
- Retomar as obras paradas do PAC e do Minha Casa Minha Vida para gerar empregos
- Criar um banco de terras públicas para reativar a reforma agrária
- Sistema Único de Segurança Pública: união, estados e municípios juntos no combate ao crime e à violência
- Retomar o apoio à agricultura familiar para garantir comida farta e barata na mesa
- Fazer estoques para impedir aumentos abusivos e falta de alimentos para o povo
- Desmatamento Zero: proibição total de queimadas e derrubadas por 3 anos.
- Mais Bolsa Família: aumentar o valor para R$ 600 por mês para 30 milhões de famílias
- Devolver a Petrobras e o pré-sal para o Brasil
- Fim das privatizações: basta de entregar nossas riquezas
- Revogar a PEC 95 do Teto de Gastos. Os recursos do governo são para a saúde e educação, não para os banqueiros.
- Reforma Bancária: democratizar o acesso ao crédito, baixar os juros e taxas
- Reforma Tributária Justa e Solidária: cobrar mais dos ricos e aliviar o trabalhador
- Retomar o investimento público para a economia voltar a crescer: o Brasil tem recursos para sair da recessão
Leia o documento na íntegra:
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