Greenwald: orientação de Moro à imprensa é praxe de regimes autoritários
"Jornalistas, na democracia, não entregam material jornalístico para a polícia, para o governo, para a Justiça para ter autorização para publicar", afirmou o jornalista Glenn Greenwald, do Intercept, durante audiência no Senado nesta quinta-feira (11); ele também disse que o ministro da Justiça cria um clima de ameaça à imprensa
247 - Ao responder aos questionamentos feitos pelo senador Marcos do Val (Cidadania-ES), alinhando ao governo e ao ministro Sergio Moro, o jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept, deu uma aula de constitucionalismo e Estado Democrático de Direito.
Marcos do Val insistiu na tese de que Glenn Greenwald deveria entregar o material da Vaza Jato para uma perícia da Polícia Federal ou nos Estados Unidos. Glenn reforçou que todo material foi periciado por profissionais que confirmaram a autenticidade, mas enfatizou que entregar conteúdo jornalístico a autoridades é praxe de regimes autoritários e tirânicos, e não de democracias.
"Jornalistas, na democracia, não entregam material jornalístico para a polícia, para o governo, para a Justiça para ter autorização para publicar. Tenho uma reputação mundial como jornalista. Obviamente não publicaria um material que não fosse autêntico", advertiu.
E completa: "Não entregamos e nem nunca vamos entregar nosso material jornalístico para a polícia ou para os tribunais porque isso é algo que acontece em países autoritários, tiranias, e não democracias".
Segundo o jornalista, o ministro Sergio Moro cria no país um clima de ameaça a imprensa ao não esclarecer as notícias do qual ele é o principal personagem.
"O clima que o ministro da Justiça está tentando criar, acho que isso é uma ameaça a uma imprensa livre. Está tentando fazer isso de propósito para assustar a gente. Não vai funcionar, mas é uma ameaça muito grave", disse o jornalista.
"Sergio Moro foi perguntado várias vezes no Senado, na Câmara e por muitos jornais se ele está nos investigando ou tem planos de fazer algo contra nós, e ele nunca negou, do dia em que a notícia saiu até hoje, a investigação. Ele quer que pelo menos fiquemos com medo de estarmos sendo investigados", acrescentou Glenn.
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