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    Heleno foi rastreado pela 'Abin paralela' no governo Bolsonaro

    Para investigadores, o monitoramento de Heleno pode ter ocorrido a partir de uma desconfiança de Bolsonaro em relação a aliados, em uma época em que ele se queixava do GSI

    Jair Bolsonaro e General Augusto Heleno (Foto: Carolina Antunes/PR)

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    247 - Um recente desdobramento nas investigações da Polícia Federal revelou que o general Augusto Heleno, aliado de Jair Bolsonaro (PL), foi alvo de monitoramento ilegal pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante seu comando no Gabinete de Segurança Institucional (GSI). De acordo com indícios levantados, o general foi acompanhado por meio do programa de espionagem "FirstMile", que rastreava a localização de celulares, relata Renata Agostini, do jornal O Globo.

    Segundo dados obtidos pela investigação, um número de celular associado a Heleno foi consultado 11 vezes no "FirstMile" em maio de 2020. O aparelho telefônico sob vigilância era de uso funcional, vinculado a assuntos de trabalho e não registrado em nome do militar, presumivelmente para evitar rastreamento direto. Esse fato sugere que alguém próximo ao ex-ministro tinha conhecimento do uso desse dispositivo.

    A inclusão de Heleno como alvo da chamada "Abin paralela", que teria realizado atividades de espionagem ilegal, surpreendeu membros da investigação. Especialmente porque o ex-ministro é suspeito de comandar uma estrutura informal de inteligência durante o governo Bolsonaro, conforme admitido em gravações de reuniões ministeriais obtidas pela Polícia Federal.

    Os investigadores consideram que o monitoramento de Heleno pode ter sido motivado pela desconfiança de Bolsonaro em relação a seus aliados próximos. Pouco antes da espionagem pela Abin, o ex-juiz parcial e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União Brasil-PR), hoje senador, havia pedido demissão, acusando Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal. Heleno tentou mediar a situação, encontrando-se com Moro, mas sem sucesso.

    No mesmo período, o GSI, sob o comando de Heleno, foi alvo de críticas de Bolsonaro, que se mostrava insatisfeito com a atuação do órgão e frequentemente reclamava da falta de informações de inteligência para embasar suas decisões estratégicas ou mapear possíveis riscos ao seu governo. A circunstância do monitoramento de Heleno, no entanto, ainda está sob investigação. 

    Tanto a defesa do ex-ministro quanto a Abin optaram por não comentar sobre o assunto. Os números de telefone monitorados pela Abin estão sendo identificados pela PF com o apoio da Controladoria-Geral da União. Além de Heleno, políticos, assessores parlamentares, jornalistas, ambientalistas e advogados também foram alvos da suposta "Abin paralela", segundo informações dos investigadores.

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