IBP critica clima de “Fla-Flu” na transição energética
Roberto Ardenghy defende que o setor de petróleo não é o vilão da mudança para fontes renováveis
247 - Em um cenário de crescente debate sobre a transição energética, o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, criticou as narrativas reducionistas que colocam o setor de petróleo como vilão do meio ambiente. Segundo ele, essa visão equivale a um "clima de Fla-Flu" entre o petróleo e as energias renováveis, algo que não reflete a complexidade da questão. Ardenghy defendeu que a indústria tem, sim, papel importante na redução das emissões de gases de efeito estufa e tem contribuído significativamente para a diversificação energética, especialmente no Brasil, onde o petróleo é menos poluente.
"As pessoas tendem a reduzir o tema. Criaram um clima de Fla-Flu entre o petróleo e a transição energética, e não é isso", afirmou Ardenghy, referindo-se à polarização entre as duas forças. Para o presidente do IBP, é necessário entender que o setor de petróleo tem adotado diversas medidas para reduzir as emissões e promover uma transição organizada, sem abrir mão da segurança energética. Ele destacou que o petróleo brasileiro, por sua composição menos poluente, representa uma solução mais limpa do que o de outros países produtores.
Em relação às emissões de gases no Brasil, o IBP apontou que o setor de petróleo e gás é responsável por 13% do total de emissões, enquanto o uso da terra responde por 48,3%. "Não estamos nos eximindo da culpa, mas o setor de óleo e gás não é o maior emissor, isso tem que ser considerado", afirmou Ardenghy, refutando críticas sobre a responsabilidade do setor nas mudanças climáticas. "Oferecemos para o mundo um petróleo com menor concentração de CO2", completou, sublinhando as vantagens do produto nacional.
A visão de Ardenghy sobre a transição energética, no entanto, é mais ampla. Ele acredita que, embora em algumas partes do mundo já se observe uma redução no consumo de petróleo, a realidade é diferente em outras regiões. "O petróleo representa a transição em países que ainda usam fontes mais poluentes. Se China e Índia aumentarem o consumo de petróleo, por exemplo, vão naturalmente reduzir o consumo de carvão", disse o presidente do IBP, ao destacar a importância do petróleo para o desenvolvimento de países emergentes, como os do continente africano.
A vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, que em seu primeiro ato anunciou a saída do país do Acordo de Paris, levantou novas discussões sobre o papel dos Estados Unidos na agenda climática. Ardenghy acredita que a postura de Trump oferece uma janela de oportunidade para o Brasil se consolidar como um líder global em energia. "Sabemos que é necessário reduzir as emissões, existe um consenso na comunidade científica mundial, basta olharmos para a temperatura da Terra e para os desastres climáticos, é evidente", disse ele. "O Brasil segue na mesma jornada, contribuindo para o debate e reforçando o papel de potência energética, tanto para combustíveis tradicionais quanto para energias renováveis", completou.
No estudo divulgado pelo IBP, o instituto conclui que a transição energética não pode prescindir dos hidrocarbonetos, mesmo em cenários mais otimistas sobre o futuro do petróleo. "O consumo de petróleo continuará a existir para fins energéticos e não-energéticos", aponta o documento. Além disso, o estudo revela que o número de projetos relacionados a fontes de energia de baixo carbono no Brasil aumentou consideravelmente, assim como os investimentos nessas iniciativas, que passaram de R$ 46 milhões em 2018 para R$ 782 milhões em 2023.
Para o presidente do IBP, a indústria brasileira de óleo e gás tem um papel crucial na segurança energética do país e no mundo. "A indústria brasileira de óleo e gás é um importante indutor de desenvolvimento econômico e social para o país, razão pela qual é necessário realizar o planejamento de uma transição energética organizada e que seja justa com a sociedade e com as regiões produtoras de óleo e gás", finalizou Ardenghy, ressaltando a importância de um planejamento estratégico para a transição energética no Brasil.
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