TV 247 logo
    HOME > Brasil

    Igreja Pentecostal é acusada de racismo após proibir penteado afro

    Movimento Negro Evangélico denunciou a Igreja Pentecostal Deus é Amor ao Ministério Público de São Paulo

    (Foto: Reprodução / Redes Sociais)

    247 - A Igreja Pentecostal Deus é Amor (IPDA) enfrenta uma denúncia de racismo após emitir um comunicado proibindo o uso de penteado afro entre seus fiéis. A orientação, enviada em 3 de dezembro, inclui uma série de restrições quanto à aparência e vestuário, sob pena de exclusão das atividades religiosas. O Movimento Negro Evangélico formalizou uma notícia-crime ao Ministério Público de São Paulo, que encaminhou a denúncia ao Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi).

    Conforme divulgado pelo jornal O Globo, o documento da IPDA afirma que o objetivo é "orientar a fortalecer a nossa caminhada cristã à luz dos princípios da Palavra de Deus". Em tom normativo, o texto estabelece padrões rígidos de aparência:

    “Nosso compromisso com a santidade se reflete não apenas em nossas palavras e atitudes, mas também em nossa aparência e comportamento. Entendemos que o sensualismo, ou qualquer forma de vestir-se ou comportar-se que promova valores contrários à modéstia cristã, não está de acordo com os ensinamentos bíblicos", afirma o comunicado.

    Entre as proibições listadas estão roupas justas, decotadas ou transparentes, maquiagens, barbas por fazer, sobrancelhas de henna e o penteado afro. A IPDA estipulou que membros que não seguirem as orientações “ficarão fora de comunhão, sem participar de eventos ou qualquer atividade na igreja, até que corrijam o seu mal testemunho”.

    Movimento Negro Evangélico reage e denuncia racismo

    Em resposta, o Movimento Negro Evangélico acionou o Ministério Público, citando o Artigo 20 da Lei do Racismo (7.716/1989), que criminaliza atos de discriminação por raça, cor ou etnia. Segundo a denúncia, o comunicado restringe a “afirmação da identidade negra” e associa o penteado afro a comportamentos condenáveis.

    “Como pessoas negras evangélicas, não podemos mais tolerar que a Bíblia seja utilizada para reproduzir uma violência tão grave como o racismo”, afirmou Jackson Augusto, coordenador nacional do Movimento Negro Evangélico. “A prática de usar versículos bíblicos para violar a humanidade das pessoas negras não é algo recente. Ao longo da história, teorias como a maldição de Cam foram usadas para justificar a escravidão africana e a colonização.”

    José Vitor, coordenador de Incidência Política do movimento, ressaltou que a denúncia vai além da IPDA. “Essa notícia-crime é importante porque sabemos que casos semelhantes acontecem em várias igrejas. Quando decidimos levar essa questão ao Ministério Público, foi para delimitar até onde essas práticas discriminatórias podem ir.”

    ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

    Relacionados