Indiciados acusam Bolsonaro de traição em estratégia de defesa sobre golpe: 'tudo tem sido feito para livrar a cabeça de dele'
Avaliação é a de que, após o indiciamento pela PF, Bolsonaro estaria colocando seu projeto político à frente das lealdades
247 - Interlocutores dos militares e civis indiciados pela Polícia Federal (PF) na investigação que apura a tentativa de golpe de Estado têm se mostrado incomodados com a estratégia de defesa adotada por Jair Bolsonaro (PL). Segundo a CNN Brasil, aliados do ex-mandatário têm interpretado suas ações como sinais de que ele estaria colocando seu projeto político à frente das lealdades, gerando desconforto entre os antigos aliados que o acompanharam até o fim de seu governo.
A análise que circula nos bastidores é a de que, após o indiciamento, Bolsonaro tem feito movimentos para "livrar a cabeça" e se desvincular da tentativa de golpe, deixando de lado a lealdade que sempre foi demonstrada por civis e militares próximos. “Tudo tem sido feito para livrar a cabeça de Bolsonaro”, comentou uma das fontes, de acordo com a reportagem.
Essa leitura ganha força especialmente pela divulgação de áudios da Operação Contragolpe, em que a defesa de Bolsonaro busca se fortalecer com a tese de que, embora muitos de seus aliados quisessem o golpe, o ex-mandatário teria sido o único a se opor.
Essa postura tem sido vista como uma falta de gratidão, particularmente para aqueles que não o abandonaram após sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. A situação é descrita por aliados de Bolsonaro como similar à defesa adotada por Lula em momentos de crise. “Está igual ao Lula nos inquéritos da Lava Jato”, comentou um dos membros do grupo.
Além da omissão, o uso de áudios que indicam falta de ação de Bolsonaro também é visto com desconfiança. Um exemplo citado é um áudio em que um coronel fala com o general Mario Fernandes, sugerindo que Bolsonaro teria “coragem moral” para se declarar contra as ações em curso. O comentário gerou ainda mais incômodo, visto que muitos acreditam que ele poderia ter agido de forma mais direta, impedindo as manifestações nas portas dos quartéis.
A estratégia de defesa de Bolsonaro tem fragilizado a posição de seus antigos aliados, como os generais Augusto Heleno, Braga Netto, Paulo Sérgio, e o almirante Almir Garnier, além de ex-assessores como Marcelo Câmara e Filipe Martins. O grupo desses aliados sente-se agora em uma situação delicada, pois, ao tentar justificar suas ações com base em medidas constitucionais, como a decretação de Estado de Defesa, Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e o uso do artigo 142 da Constituição, vêem sua posição sendo enfraquecida pela postura passiva de Bolsonaro. A linha de defesa sugere que Bolsonaro, ao buscar por fraudes nas urnas após a vitória de Lula, algo que nenhuma auditoria conseguiu comprovar, nunca teve a intenção de promover um golpe.
Esse cenário gerou ainda mais tensão, com os antigos aliados lembrando de sugestões, planos e comunicações que circulavam naquele período, incluindo mensagens de WhatsApp e minutas de possíveis ações, sempre com o aval do ex-mandatário. Em suas conversas, esses aliados afirmam que suas intenções eram jurídicas e constitucionais, mas a versão de Bolsonaro, de que ele não estava envolvido diretamente nos planos, tem gerado divisões internas e um sentimento crescente de traição entre aqueles que estiveram ao seu lado.
A defesa de Jair Bolsonaro não se posicionou sobre o caso.
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