Investigação contra Braga Netto avança após PF ver atuação suspeita de militares da reserva em contratos da intervenção no Rio
Novas suspeitas abrangem contratos de R$ 17,5 milhões para aquisição de blindados que não foram utilizados na intervenção e permaneceram sob posse do Exército
247 - A Polícia Federal (PF) intensificou as investigações relacionadas à gestão do general Walter Braga Netto no Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro, devido a ligações suspeitas da atuação de militares da reserva na intermediação de contratos milionários. Segundo a Folha de S. Paulo, “as suspeitas de irregularidades em contratos assinados pela gestão de Braga Netto extrapolam o caso da compra de coletes balísticos alvo da operação Perfídia, que investiga o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL)”.
De acordo com informações coletadas pela PF, as suspeitas de irregularidades extrapolam o caso dos coletes, abrangendo contratos de R$ 17,5 milhões para aquisição de blindados que não foram utilizados na intervenção e permaneceram sob posse do Exército. Os investigadores examinaram contratações que totalizam R$ 1,2 bilhão, buscando correlacionar dados de quebras de sigilo e materiais apreendidos. >>> Militar do Gabinete da Intervenção Federal no RJ é sócio de empresa que ganhou mais de R$ 400 mil do governo
A PF apura se houve desvio de finalidade na compra dos blindados, destinados originalmente a melhorar a segurança no Rio. Além disso, investiga possíveis práticas similares às descobertas na operação Perfídia, envolvendo a participação de empresas ligadas a militares da reserva na intermediação de negócios. >>> Gestão de Braga Netto fechou 22 contratos sem licitação durante intervenção no Rio de Janeiro
“Um novo inquérito deve ser instaurado sobre o caso. Por um lado, os desdobramentos da apuração devem colocar ainda mais pressão sob a possível candidatura de Braga Netto à Prefeitura do Rio pelo PL”, destaca a reportagem. >>> Mensagens interceptadas pela PF mostram alvos de operação dizendo que Braga Netto daria 'uma força' em compra investigada
O Tribunal de Contas da União (TCU) já analisou as compras da intervenção, apontando que os blindados, objeto de investigação da PF, foram destinados ao Exército e não ao uso cotidiano das polícias do Rio. Embora tenha identificado falhas de planejamento, o TCU não concluiu irregularidades. >>> Mensagens interceptadas pela PF mostram alvos de operação dizendo que Braga Netto daria 'uma força' em compra investigada
O general Paulo Assis e o coronel Robson Queiroz, ambos da reserva, são citados nas investigações como figuras chave na intermediação de contratos, incluindo os referentes à aquisição de coletes balísticos. “Segundo a PF, o general Paulo Assis vendeu influência sobre Bolsonaro, o vice Hamilton Mourão e Braga Netto para tentar destravar a contratação milionária de coletes. Embora a intervenção tenha acabado em dezembro de 2018, a maioria dos valores empenhados e contratações foram executadas posteriormente”, destaca o periódico. >>> PF deflagra operação para apurar corrupção na intervenção federal no RJ em 2018; Braga Netto tem sigilo telefônico quebrado
A PF também investiga contratos suspeitos realizados nos últimos dias da intervenção em dezembro de 2018, incluindo a compra de coletes e serviços da Verint Systems, responsável pelo software FirstMile, associado à suspeita de monitoramento iilegal de opositores e adversários políticos de Jair Bolsonaro pela Abin.
Em resposta, Braga Netto defendeu a legalidade dos contratos, destacando a aprovação pelo TCU e ressaltando a complexidade da aquisição de materiais específicos de segurança. A nota também enfatizou que Braga Netto não teve envolvimento direto na "decisão final" das contratações.
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