Jean Wyllys critica silêncio de Moro após Bolsonaro revelar que pretende ser ditador no Brasil
"Cumplicidade com o mal ou covardia diante deste?", criticou o ex-deputado federal, que se exilou após receber ameaças de morte
247 – "Alguém tem alguma notícia do ministro da Justiça de Bolsonaro, o cafona ex-juiz Sergio Moro? Alguém explica por que este sujeito que ocupou capas de revistas e noticiário está tão calado em relação a seu chefe e amigo? Cumplicidade com o mal ou covardia diante deste?", questionou o ex-deputado federal Jean Wyllys em seu twitter, após Jair Bolsonaro revelar que pretende implantar uma nova ditadura no Brasil, ao dizer que "não vamos negociar", numa manifestação que pedia a volta do AI-5.
Saiba mais sobre o caso:
Sputnik – Ministro Luís Roberto Barroso, do STF, criticou manifestações realizadas neste domingo (19) em várias cidades do país pedindo fim do isolamento social e pautas como o retorno do regime militar.
"É assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever. Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons (Martin Luther King)", afirmou Barroso pelo Twitter, citando ao final uma frase do pastor e ativista norte-americano Martin Luther King.
Em Brasília, o protesto, que ocorreu em frente ao quartel-general do Exército, contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro.
Além de exigirem o fim das medidas de restrição ao comércio e à circulação de pessoas para conter a disseminação do coronavírus, os manifestantes também pediam intervenção militar, fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) e até mesmo um novo AI-5, ato que instaurou a fase mais dura da ditadura.
"Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso", escreveu Barroso em outra publicação.
Barroso não foi o único juiz da mais alta corte brasileira a se pronunciar sobre o ato em Brasília. Gilmar Mendes disse que "invocar o AI-5" era "rasgar o compromisso com a Constituição".
"A crise do #coronavirus só vai ser superada com responsabilidade política, união de todos e solidariedade. Invocar o AI-5 e a volta da ditadura é rasgar o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática #DitaduraNuncaMais", afirmou o ministro pelo Twitter.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também usou as redes sociais para criticar a manifestação. Ele disse que no Brasil, além da luta "contra o corona", era preciso combater o "vírus do autoritarismo".
"O mundo inteiro está unido contra o coronavírus. No Brasil, temos de lutar contra o corona e o vírus do autoritarismo. É mais trabalhoso, mas venceremos. Em nome da Câmara dos Deputados, repudio todo e qualquer ato que defenda a ditadura, atentando contra a Constituição", disse Maia por meio do Twitter.
Em outra publicação, Maia disse que "pregar uma ruptura democrática diante dessas mortes é uma crueldade imperdoável com as famílias das vítimas e um desprezo com doentes e desempregados.
Ex-presidentes da República se somaram ao coro dos que se indignaram com a manifestação e a presença de Bolsonaro no protesto na capital.
Pelo Twitter, Fernando Henrique Cardoso disse que a ida do presidente ao ato era "lamentável".
"Lamentável que o Pr [presidente da República] adira a manifestações antidemocráticas. É hora de união ao redor da Constituição contra toda ameaça à democracia. Ideal que deve unir civis e militares; ricos e pobres. Juntos pela liberdade e pelo Brasil", afirmou o ex-chefe de Estado.
Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou sugerindo que é possível retirar um presidente do poder por meios legais.
"A mesma Constituição que permite que um presidente seja eleito democraticamente têm mecanismos para impedir que ele conduza o país ao esfacelamento da democracia e a um genocídio da população", disse Lula pelo Twitter.
No protesto em frente ao quartel do Exército, Bolsonaro subiu em cima de um carro e falou para os presentes.
"Eu estou aqui porque acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Nós temos um novo Brasil pela frente", disse o presidente.
Bolsonaro publicou um vídeo dele discursando nas suas redes sociais.
"Todos, sem exceção, têm que ser patriotas e acreditar e fazer a sua parte para que nós possamos colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder", acrescentou Bolsonaro durante a manifestação.
Em outras partes do Brasil, os atos aconteceram em São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza, Maceió, Goiânia, Salvador, Manaus, Goiânia e Recife.
No sábado (18), houve carretas em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Niterói.
Brasil soma 2.462 mortes pela COVID-19
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o isolamento social para diminuir a velocidade de propagação da COVID-19. O Ministério da Saúde, até o momento, vem pedindo para a população respeitar o distanciamento, embora o presidente defenda a reabertura do comércio.
Segundo o último boletim do ministério, divulgado neste domingo, o Brasil tem 2.462 mortes e 38.654 casos do novo coronavírus.
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