Lessa teve 'aumento muito grande' no patrimônio após assassinato de Marielle, diz Queiroz em delação
Delator revela detalhes chocantes sobre envolvido no crime e possível destino da arma do assassinato
247 — Em um depoimento impactante durante seu acordo de delação premiada, o ex-policial militar Élcio Queiroz trouxe à tona informações surpreendentes sobre o também ex-PM Ronnie Lessa, apontado como o executor do assassinato brutal da vereadora Marielle Franco. De acordo com Queiroz, Lessa teria experimentado um "aumento muito grande" em seu patrimônio após o terrível crime, lançando suspeitas sobre a possível motivação financeira por trás do assassinato, informou a Folha de S.Paulo.
Segundo o depoimento, Lessa sempre negou ter recebido qualquer quantia para realizar o homicídio de Marielle, que ocorreu em 14 de março de 2018, quando a vereadora foi baleada junto com o motorista Anderson Gomes. Entretanto, Queiroz afirmou ter sido testemunha da compra de uma Dodge Ram blindada, uma lancha nova e várias outras aquisições significativas feitas por Lessa após o trágico evento. Além disso, planos para construção e reforma de uma casa de praia e uma residência na capital do Rio de Janeiro foram mencionados no depoimento.
"É muita coisa junto, se juntar não tem como comprovar [a versão de Lessa], porque a matemática é exata", acrescentou Élcio Queiroz durante o depoimento. Segundo o delator, Lessa sempre jurou que não havia recebido nenhum valor pelo crime e que, se soubesse que teria consequências tão graves, não teria participado. No entanto, as evidências apresentadas levantam suspeitas sobre a veracidade de sua negativa.
A delação de Queiroz também revelou detalhes chocantes sobre o assassinato de Marielle e seu motorista. Segundo ele, no dia do crime, ele próprio dirigia o veículo, um Chevrolet Cobalt prata, enquanto Lessa, posicionado no banco de trás, foi responsável pelos disparos fatais que ceifaram a vida da vereadora. Queiroz afirmou que apenas os dois estavam presentes no carro durante o ataque, mas revelou que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, teve envolvimento na preparação do crime e na proteção dos envolvidos.
Em relação à arma utilizada no assassinato, Queiroz foi questionado sobre a pessoa conhecida como "Gato do Mato" e se havia ouvido de Lessa que essa pessoa ficou com a submetralhadora MP5 utilizada no crime. O delator confirmou que conhece "Gato do Mato", cujo nome seria João Paulo, mas não tinha informações sobre o destino da arma, pois as conversas entre Lessa e "Gato do Mato" eram confidenciais.
Élcio relatou que ouviu de Lessa que a arma do crime havia sido destruída e jogada ao mar. Contudo, ele não acreditava nessa versão e reforçou que Lessa afirmou tê-la serrado completamente antes de descartá-la em uma área mais profunda na Barra da Tijuca.
As investigações sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes já se estendem por cinco anos sem um julgamento definitivo para os executores do crime, e ainda não se chegou a uma conclusão sobre a existência ou não de um mandante. Somente neste ano, Lessa foi expulso da PM devido à condenação por comércio ilegal de armas na Justiça Federal, sendo que o crime relacionado a Marielle foi descoberto durante o cumprimento de um mandado de prisão.
Élcio Queiroz permanece detido, enquanto a demora no julgamento se deve, em grande parte, aos diversos recursos apresentados pela defesa na tentativa de evitar um júri popular. As revelações feitas em sua delação premiada podem ser peças-chave para finalmente se fazer justiça em um dos casos mais emblemáticos e perturbadores da história recente do Brasil.
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