Lula: essa garganta não vai parar de gritar contra as injustiças deste país
Em entrevista exclusiva à TV 247, o ex-presidente Lula rechaçou os argumentos do ministro da Economia, Paulo Guedes, e de demais setores do governo de que ele estaria convocando manifestações violentas contra Jair Bolsonaro e equipe. “Encontre um gesto meu em que houve qualquer bagunça neste país. Passeata é manifestação da sociedade”, disse. Assista
247 - O ex-presidente Lula, em entrevista exclusiva à TV 247, respondeu aos argumentos do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que ele estaria convocando manifestações e pregando desordem no Brasil. Lula também criticou as recorrentes analogias do governo de Jair Bolsonaro à ditadura e ao AI-5. “Eu era presidente e os médicos faziam passeata contra o governo e você nunca me viu falar em AI-5. Ora! Passeata é manifestação da sociedade”, disse ele.
Ele lembrou que, diferentemente de Guedes, é um ator político há mais de 40 anos e que nunca praticou baderna em manifestações, greves ou protestos. “Eu não existo na política a partir de ontem como o Guedes, eu não era um anônimo, um fantasma. Eu existo na política brasileira desde 24 de abril de 1975, quando virei presidente do Sindicato dos Metalúrgicos. De lá para cá eu participei de todas as greves, de todas as passeatas, de todas as campanhas e de todas as eleições, e participei de todos os protestos, inclusive na campanha de impeachment do Collor e você não viu nenhum quebra-quebra”.
“Agora o Lula não pode falar porque o Lula está pregando manifestação. Se tem um cidadão neste país acostumado a fazer manifestação, esse sou eu e tenho orgulho disso, fiz a favor de tudo e contra tudo, fiz. Mas é o seguinte: encontre um gesto meu em que houve qualquer bagunça neste país”, completou.
O ex-presidente reafirmou a necessidade da ida do povo às ruas em defesa da democracia brasileira e prometeu que continuará “gritando” contras as injustiças no Brasil. “Eu fui presidente da República e sei que não posso fazer coisas como um cidadão comum, mas o povo tem que se manifestar para defender a democracia e para defender os bens públicos como o Banco do Brasil, Caixa Econômica, BNDES e Petrobras. Eles estão vendendo aquilo que nós achávamos que era o passaporte para o futuro deste país de graça para os Estados Unidos e outros países. Que estupidez é essa? Como é que nós podemos ficar quietos? Não dá para ficar quieto. Se o pecado que eu estiver cometendo for o de gritar, eu peço força a Deus porque essa garganta não vai parar de gritar contra as injustiças deste país”.
Lula concordou que os recorrentes elogios e casos de saudosismo de Jair Bolsonaro, filhos e equipe em relação à ditadura militar podem, sim, ser pretexto para um novo golpe. “Pode ser pretexto para golpe, e acho que a sociedade tem que ficar alerta porque a sociedade brasileira não pode permitir mais golpe. Acho que chega de inocência no golpe da Dilma, chega! Acho que nós fomos ingênuos, eles foram caminhando passo a passo, uma mentira atrás da outra e uma mentira corroborada pelos meios de comunicação, era uma coisa unânime”.
Lava Jato
O ex-presidente criticou mais uma vez a Operação Lava Jato e seus comandantes, o procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro. Lula afirmou que a Lava Jato colocou medo na sociedade e que a operação fazia ameaças à Câmara dos Deputados e ao Supremo Tribunal Federal.
“Acontece que a Lava Jato colocou medo na sociedade. Sabe quanto medo teve o Congresso? Eles ameaçavam fazer greve contra o STF, a Câmara… viraram quase um poder paralelo", lembrou.
Ele cobrou novamente punição a Dallagnol pelas mentiras contadas sobre ele durante a famosa apresentação do Power Point relacionada ao caso do triplex de Guarujá. "Quando aquele Dallagnol vai para a televisão e fica 1 hora e meia falando no power point e quando termina aquela grosseria toda e diz que não tem prova, ele deveria ter saído dali preso".
PEC da segunda instância
Questionado sobre a intenção de uma ala política em aprovar a PEC da segunda instância, que contraria decisão do STF que beneficiou Lula e passa a permitir prisões após condenação em segunda instância, o ex-presidente disse que não aceita que fiquem “brincando com a Constituição” e alterando-a em razão de interesses ou perseguições políticas.
“Eu espero que se forme maioria no Congresso Nacional capaz de perceber que não dá para você mudar a Constituição a bel prazer da conjuntura. A Constituição é um documento sério e deve ser o mais eterno e longevo possível, porque é uma garantia daquilo que nós achamos que pode dar estabilidade à sociedade”.
2022
Lula afirmou que o PT ganhará as eleições de 2022, mas não confirmou o nome que representará o partido na disputa. Ele ressaltou que o ex-presidenciável Fernando Haddad, do PT, é muito competente para o cargo e também citou o nome do governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB.
Apesar dos elogios aos colegas, o ex-presidente contou que não é candidato mas que não recusaria o convite. “Na hora em que o cavalo passar encilhado, a pessoa que estiver mais preparada para subir no cavalo que suba”.
Lula também revelou que acreditava que venceria as eleições de 2018 de dentro da cadeia e que a notícia de que sua candidatura tinha sido barrado o abalou. "Eu tinha certeza de que ganharia do Bolsonaro. A mesma certeza que eu tive em 2002. Eu nunca tive dúvida que ganharia do Serra. Foi realmente uma semana complicada para a minha cabeça", acrescentou, sobre a notícia de que não seria candidato. "Eu sabia que o Haddad era um cara preparado, que eu tenho total confiança. Não era pelo fato de ser o Haddad, era pelo fato de terem me tirado um sonho".
Globo
Lula esbravejou contra a Rede Globo e sua parcialidade. Ele criticou a falta de comprometimento da emissora com os escândalos revelados pelo The Intercept e pelo jornalista Glenn Greenwald que provam a má condução do processo contra o ex-presidente pela 13ª Vara Federal de Curitiba. Para ele, a Globo comete censura e é responsável pela mentira da Lava Jato.
“A imprensa independente deste país deveria fazer uma denúncia contra a Globo por censura. A maior censura feita no Brasil hoje é a da Rede Globo, que há mais de 100 dias não divulga uma nota do Intercept. Mas quando o filho do Bolsonaro grava uma fita que não se sabe se é verdadeira a Globo dá como se fosse verdade. Do Intercept ela não deu nada até agora porque diz que não tem prova. Manda fazer uma perícia. Imagina se fosse contra o PT, já teriam feito quinhentas perícias, já tinha chamado 500 especialistas. Ora, Globo! Faça uma pesquisa para ver se o Glenn está mentindo. Sabe por que a Globo não faz? Porque a Globo é responsável pela mentira da Lava Jato e ela sabe que se desmontar a mentira ela vai passar maus bocados de credibilidade”.
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