Ministros do STF veem fraude no cartão de vacinação como etapa da rota de fuga de Bolsonaro após golpe fracassado
À época da falsificação, destacam os magistrados, já estava claro que o golpe não prosperaria, então Bolsonaro 'resolveu ir embora'
247 - Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), avaliam que existe uma ligação entre a cronologia da fraude do cartão de vacina da Covid-19 em favor de Jair Bolsonaro (PL) com a suposta tentativa de um golpe de Estado visando mantê-lo no poder. Segundo a coluna da jornalista Andréia Sadi, do G1, a Polícia Federal apurou que o documento falso da vacinação de Bolsonaro foi inserido nos registros oficiais do governo em 21 de dezembro de 2022, cerca de uma semana antes de o então mandatário viajar para os Estados Unidos.
“De acordo com ministros do STF, à época da inclusão falsa, já estava claro que as Forças Armadas – possivelmente diante da falta de apoio externo – não autorizariam um golpe de Estado. A mensagem em que o general Braga Netto, que havia sido candidato a vice de Bolsonaro, chama o comandante do Exército, Freire Gomes, de ‘cagão’ por não ter aderido ao golpe foi enviada em 14 de dezembro”, destaca a reportagem.
Bolsonaro deixou o Brasil no dia 30 de dezembro, véspera do término do seu mandato à frente do Executivo Federal. Ministros do STF sugerem que ele decidiu falsificar o certificado devido ao receio de ser barrado por não ter se vacinado. Na época, os EUA exigiam o cartão de vacinação contra Covid para entrar no país.
Ainda conforme a reportagem, a Polícia Federal aponta que alguns investigados pela intentona golpista “se evadiram do país, retirando praticamente todos seus recursos aplicados em instituições financeiras, transferindo-os para os EUA, para se resguardarem de eventual persecução penal". No caso de Bolsonaro, existe o registro de uma operação de câmbio no valor de R$ 800 mil, realizada em 27 de dezembro, direcionando fundos para uma instituição bancária norte-americana, onde o ex-mandatário mantém uma conta.
Além disso, investigações também apontam para uma tentativa, ocorrida também em dezembro de 2022, de resgatar joias oferecidas como presentes por autoridades sauditas a que deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio do Estado brasileiro, mas que Bolsonaro tentou se apropriar.
A Polícia Federal indiciou Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-mandatário, e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), além de outras 14 pessoas pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público no âmbito das investigações sobre as fraudes nos cartões de vacinação.
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