"Não deve haver militares no TSE", diz Celso Rocha de Barros sobre nomeação de general
"Em democracias estáveis, ministros da Suprema Corte não precisam se preocupar em acalmar golpistas", diz o sociólogo sobre o general Fernando Azevedo e Silva
247 - “Quem vai decidir se a eleição valeu será um sujeito armado que até outro dia era funcionário de um dos candidatos”, escreve o sociólogo Celso Rocha de Barros sobre o fato do general Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da defesa do governo Jair Bolsonaro, assumir a direção-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a campanha presidencial do próximo ano. “Não deve haver militares no TSE em uma eleição em que um dos candidatos passou quatro anos tentando cooptar as forças armadas para um golpe de estado, sobretudo se o militar em questão foi ministro da defesa do referido candidato”, destaca Rocha de Barros em sua coluna na Folha de S. Paulo.
Ainda segundo ele, os “defensores da nomeação argumentam que um general no TSE apaziguará os defensores de Bolsonaro. O presidente da República já deixou claro que, em caso de derrota (e, portanto, prisão automática pelos crimes da pandemia), mentirá que houve fraude e tentará um golpe”. “Se não houver essa desculpa para tentar um golpe, eles usarão outra. Os bolsonaristas devem ser desarmados, não refutados”, afirma.
“E mesmo se fossem sinceros, a nomeação de Azevedo foge à regra. Em 2018, os eleitores de Lula contestavam a decisão judicial que tirou o ex-presidente da eleição. Ninguém nomeou Gleisi Hoffman para a direção do TSE como forma de tranquilizá-los. A diferença, é claro, é que os militantes do PT estavam desarmados”, observa o colunista.
“Segundo a revista Veja, a nomeação de Azevedo foi ideia dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Edson Fachin. Em democracias estáveis, ministros da Suprema Corte não precisam se preocupar em acalmar golpistas. Certamente não precisam fazê-lo com o mesmo general por duas eleições seguidas”, ressalta.
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