Números mostram retração inédita da produção científica brasileira
Queda representa um marco histórico para a comunidade acadêmica do país, que sempre se destacou pelo crescimento contínuo em suas pesquisas e publicações
247 - A produção científica brasileira registrou um momento inédito de declínio, marcando uma diminuição em seus números conforme apontam os últimos índices divulgados, informa o jornal O Globo. Essa queda representa um marco histórico para a comunidade acadêmica do país, que sempre se destacou pelo crescimento contínuo em suas pesquisas e publicações.
As razões por trás dessa retração são um ponto de preocupação para cientistas e especialistas que buscam entender as nuances desse cenário. Esforços estão sendo empreendidos para investigar se tal redução está associada a questões estruturais, financeiras, políticas ou até mesmo a outras variáveis não identificadas anteriormente.
No último ano, os pesquisadores brasileiros apresentaram uma redução de 7,4% nas publicações em comparação a 2021, marcando a primeira queda registrada desde 1996, quando os dados começaram a ser compilados. Vale ressaltar que o Brasil não foi o único país a enfrentar esse declínio em 2022, visto que outras 23 nações de tamanho similar também apresentaram recuos durante a pandemia, considerando aqueles que produzem mais de 10 mil artigos anualmente.
Entretanto, o Brasil se destacou ao experimentar a maior queda percentual na produção científica, igualando-se à situação da Ucrânia, que se encontra em meio a um conflito armado. No período de 2022, os pesquisadores brasileiros publicaram um total de 74.570 estudos, em comparação com os 80.499 do ano anterior.
De acordo com um relatório recente da Elsevier, em colaboração com a Agência Bori de comunicação científica, divulgado nesta segunda-feira, a pandemia de Covid-19 foi apontada como o principal fator por trás dessa redução. Embora o impacto mais significativo tenha ocorrido em 2020, seus efeitos só se refletiram plenamente em 2022, devido ao intervalo considerável que geralmente existe entre a realização, redação e publicação dos projetos de pesquisa.
Em contraste, a média global da produção científica não desacelerou, experimentando um crescimento de 6%, impulsionado principalmente pela China e Índia. Apesar do recuo na ciência brasileira, o país manteve sua posição no ranking global, permanecendo como o 14º maior produtor de ciência em termos de artigos publicados.
Embora o relatório da Elsevier/Bori não tenha mencionado outros impactos além da pandemia, a queda na produção científica do Brasil ocorre em um momento delicado para o setor. Desde 2016, o orçamento federal destinado à ciência vem decrescendo no país, quando ajustado para a inflação, e essa tendência se acentuou nos últimos quatro anos. Essa situação coloca desafios adicionais para a comunidade científica brasileira, que busca se reinventar e superar obstáculos em meio a um contexto de incertezas e restrições financeiras.
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