"O crescimento do crime organizado está ligado às condições de vida do nosso povo", diz Lula
“Enquanto o povo passar fome, enquanto tiver muito desemprego, há uma possibilidade de crescimento do crime”, avaliou o presidente
247 - O presidente Lula (PT) realizou nesta terça-feira (24) a primeira edição do Conversa com o Presidente após quase um mês de pausa para recuperação em decorrência de duas cirurgias. Questionado sobre o problema de segurança pública no Rio de Janeiro, principalmente após criminosos terem incendiado 35 ônibus na capital fluminense nesta segunda-feira (23), em resposta à morte de um miliciano pela polícia, Lula enfatizou o desejo do governo federal de colaborar no combate ao crime organizado e confirmou que cogita recriar o Ministério da Segurança Pública. >>> Polícias do Rio fazem ampla operação na Zona Oeste nesta terça-feira para prender o miliciano Zinho
“Nós queremos compartilhar a solução dos problemas que os estados têm com o governo federal. Nós não queremos lavar as mãos. É um problema do Brasil, eu sou o presidente do Brasil e nós vamos cuidar de todo mundo em igualdade de condições, fazendo aquilo que o governo pode fazer. Portanto, vamos ajudar o Rio de Janeiro a combater o crime organizado, os milicianos e dar tranquilidade para aquele povo. Não é possível que o povo do Rio tenha que sofrer tanto com a ação dos marginais. O governo federal estará presente no Rio de Janeiro ajudando de todas as formas possíveis a voltar à normalidade, para que o povo do Rio de Janeiro volte a ter tranquilidade, o direito de ir e vir. É preciso que a gente aja junto com o governo do Rio para que a gente possa vencer essa batalha”, afirmou. >>> Milícia que tocou o terror no Rio nesta segunda foi fundada por policiais e vive disputa interna após morte de ex-chefe
O presidente ainda avaliou como “um problema crônico” o avanço do crime organizado que, segundo ele, está diretamente ligado às “condições de vida do nosso povo”. “A verdade é que enquanto o povo brasileiro passar fome, enquanto tiver muito desemprego, enquanto tiver muita gente abandonada, há uma possibilidade de crescimento do crime organizado. A verdade é que tudo isso está ligado às condições de vida do nosso povo e nós precisamos ter consciência disso, que é preciso juntar prefeito, governador, presidente da República, todo mundo no combate ao crime organizado”.
Sem citar nominalmente Jair Bolsonaro (PL), Lula também destacou os efeitos nefastos do ‘liberou geral’ de armas no governo passado. “A liberação da venda de armas nesse país, de forma atabalhoada, fez com que o crime organizado se apoderasse de um arsenal que ele não tinha antes. Então ele pôde comprar no mercado, autorizado, o que é um crime contra o povo brasileiro”.
O presidente, por fim, descartou uma intervenção federal no Rio de Janeiro nos moldes do que ocorreu em 2018, no governo Michel Temer (MDB). “Nós vamos ver como a gente pode entrar e participar ajudando. Nós não queremos pirotecnia, nós não queremos fazer uma intervenção no Rio de Janeiro como já foi feita e que não resultou em nada. Nós não queremos tirar a autoridade do governador, nós não queremos tirar a autoridade do prefeito. Nós queremos é compartilhar com eles, trabalhar junto com eles uma saída, porque o problema deles passa a ser o nosso problema, e a solução dos nossos problemas tem que ser compartilhada conosco, e nós queremos ajudar. É isso que vamos fazer. É preciso que a gente dê tranquilidade ao povo. Vamos discutir no governo federal como é que a gente pode participar mais, como é que a gente pode acionar mais a Polícia Federal, como é que a gente pode fortalecer mais a Força Nacional, como é que a gente pode utilizar as Forças Armadas participando como uma força auxiliar, sem passar a ideia para a sociedade de que as Forças Armadas foram feita para combater crime organizado. Não é esse o papel das Forças Armadas e nós não vamos fazer isso. É isso que vai acontecer. Nós estamos com o povo do Rio de Janeiro, vamos compartilhar tudo aquilo que pudermos compartilhar”.
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