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Para especialista no tema militar, a situação ficou incontornável

Demossão de comandante do Exército marca uma disposição do governo Lula em, de fato, “buscar os culpados por ação ou inação, da tentativa de golpe”, diz Francisco Carlos Teixeira

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e general Júlio César de Arruda (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil | Exército Brasileiro)

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Por Denise Assis, para o 247

 A demissão do comandante do Exército Brasileiro, o General Júlio César de Arruda, mobilizou os que costumam se debruçar sobre a questão militar. Para o historiador, professor da UFRJ e considerado um dos maiores especialistas do setor, Francisco Carlos Teixeira, a saída do general era “inevitável” e marca uma disposição do governo Lula em, de fato, “buscar os culpados por ação ou inação, da tentativa de golpe”, afirma.

 A defesa notória dos militares que participaram das ações do dia 8 de janeiro nas dependências dos três poderes – chegando mesmo a ameaçar civis -, incluindo o ministro da Justiça, Flávio Dino, que foi desrespeitado em sua ordem de desocupação dos acampamentos, segundo Teixeira, foi decisiva para a saída do general. E, sem dúvida, que o acobertamento do extremista, chefe do gabinete do ódio de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, filho do general Lorena Cid, indicado para assumir o Batalhão de Comandos, situado nas cercanias de Goiânia, tornou-se um ponto sensível, por colocar um “adversário”, numa posição estratégica.

 Outro ponto que na opinião de Teixeira, pesou, foi a convocação de Arruda, de uma reunião virtual com todo o Alto Comando, “para discutir os desdobramentos políticos”. Para o professor, a situação é “tensa”, pois a demissão levou os comandos todos a falar muito entre si. Um processo, segundo ele, desencadeado pela reunião com o presidente Lula, na sexta-feira.  

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 De acordo com o que foi vazado da reunião, o clima não foi bom. Embora tivesse a presença de pessoas externas ao meio militar, como Josué Gomes, presidente da Fiesp, o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho e do consultor empresarial, Daniel Steinbruch, para discutir avanços na área da indústria do setor, houve também uma discussão com reação de insatisfação, por parte do general Arruda, em torno da disposição de processar os militares que participaram dos atos golpistas, por atentado contra o golpe de Estado. No entender de Arruda, isto os jogaria para a Justiça comum, podendo significar penas mais duras (de 4 a 12 anos). “Havia uma disposição de processá-los por injúria, difamação, o que aliviaria as penas”, resumiu o historiador.  

 Mas, para Teixeira, o que realmente pesou contra o general Arruda foi o fato de o tenente-coronel Cid ter sido “presenteado com um comando das Forças Especiais do Brasil, e que fica muito perto de Brasília, de uma forma muito indevida”, disse. “Na verdade, um oficial que está sendo demandado na Justiça comum, não pode ser promovido e nem sequer receber um comando. Isto é uma coisa muito clara. Isto eu conversei com dois oficiais, todos dois comandantes de regiões militares e eles disseram que não pode. O comandante do Exército assumiu a incumbência de Bolsonaro e continuou firme em conceder a Cid, esse prêmio”, resumiu.  

 De acordo com o historiador, ao fim de dois anos o tenente-coronel poderia cursar uma pós na ECEME e virar general. “Isso é um prêmio indevido para uma pessoa que foi o chefe do gabinete do ódio durante esses quatro anos, disfarçado de auxiliar imediato do presidente da República”, protesta.

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 Segundo informações que obteve, o comunicado ao general foi feito pelo ministro da Defesa, José Múcio. Em conversa com Lula, Padilha e Rui Costa tornou-se evidente que depois da reunião virtual do Alto Comando, convocada pelo general, para fazer análise da situação política do país, ficou implícito que haveria, depois dela, a tomada de alguma decisão. Melhor não esperar para ver até onde ia o general, concluíram.

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