PF atua a serviço de governos estrangeiros, denuncia o Instituto Brasil-Palestina
Ibraspal pede que o Brasil garanta os direitos de Muslim Abuumar, "vítima de perseguição política apenas por ser palestino"
247 – Na última sexta-feira, 21 de junho, a Polícia Federal (PF) prendeu o cidadão palestino Muslim M. A Abuumar no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, supostamente a mando do Mossad. serviço secreto israelense, e do FBI. Abuumar estava acompanhado de sua esposa, grávida de sete meses, seu filho de seis anos e sua sogra de 69 anos. No dia 13 de junho, ele havia obtido um visto para permanecer no Brasil por 90 dias, enquanto sua família, que possui cidadania malaia, não necessitava de visto.
Segundo informações fornecidas pela PF, a prisão de Muslim foi justificada por sua inclusão na lista do Terrorist Screening Center (TSC) do FBI, que identifica suspeitos de envolvimento com "grupos terroristas". A PF alegou ainda que Abuumar planejava que seu filho nascesse no Brasil para obter cidadania brasileira, facilitando assim a imigração da família, uma prática permitida pela legislação brasileira. No entanto, essa justificativa é frequentemente utilizada para barrar imigrantes nos Estados Unidos.
Diante da prisão, o Instituto Brasil-Palestina (IBRASPAL) e outras organizações de defesa dos direitos dos palestinos moveram uma ação judicial. A juíza federal Milenna Marjorie Fonseca da Cunha suspendeu a extradição de Muslim Abuumar até que houvesse uma "melhor compreensão dos fatos" e concedeu um prazo de 24 horas para que a PF fornecesse mais informações sobre o caso.
O presidente do IBRASPAL, Dr. Ahmed Shehada, classificou o caso como "absurdo em todos os sentidos". Leia, abaixo, a íntegra da nota:
Nota de esclarecimento sobre o cidadão palestino preso pela PF a mando do Mossad e do FBI
Na sexta-feira, 21 de junho, a Polícia Federal deteve o cidadão palestino Muslim M. A Abuumar, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Ele estava acompanhado de sua esposa, grávida de sete meses, um filho de seis anos e a sogra, de 69 anos. No dia 13 de junho ele havia obtido visto para ficar no Brasil por 90 dias. Sua família, que tem cidadania da Malásia, não precisava de visto.
O palestino foi detido sob um pretexto absurdo. Segundo a Polícia Federal, ele faz parte de uma lista do FBI, a polícia federal dos EUA, com suspeitos de integrar “grupos terroristas”, a Terrorist Screening Center (TSC).
A PF afirmou que Abuumar queria que seu filho nascesse no Brasil para obter cidadania e assim permitir que a família imigrasse para o País, algo totalmente legal. Coincidentemente, essa argumentação é frequentemente usada contra imigrantes nos EUA. Com base nessa “investigação”, Muslim seria deportado sumariamente.
Diante de uma ação movida pelo IBRASPAL (Instituto Brasil-Palestina) e outras organizações de defesa da Palestina, a juíza federal Milenna Marjorie Fonseca da Cunha impediu a extradição de Muslim até que houvesse “melhor compreensão dos fatos” e deu 24 horas para a Polícia Federal fornecer mais informações.
A Polícia Federal atua a serviço de governos estrangeiros
O caso é absurdo em todos os sentidos. Primeiro, e mais importante, porque a Polícia Federal está atuando para aplicar determinações do governo norte-americano no Brasil. A lista do TSC não tem amparo na legislação brasileira. Ao utilizá-la como critério para impedir a entrada de um cidadão palestino no Brasil, a PF está atuando como sucursal do FBI.
Segundo, porque na legislação brasileira as organizações da resistência palestina não são consideradas terroristas. O mesmo vale para a ONU e a esmagadora maioria dos países do mundo. Apenas uma pequena minoria de países considera a resistência palestina como terrorista e são os mesmos que apoiam o genocídio que acontece em Gaza há mais de oito meses.
Terceiro, a PF está acusando Muslim de fazer parte de uma organização terrorista sem conduzir nenhum tipo de investigação. Ou seja, levaria em consideração não só a lei dos EUA, mas também a própria investigação norte-americana. Coloca-se assim, mais uma vez, como verdadeira fachada para a atuação do FBI no Brasil.
Quarto, os Estados Unidos da América não têm autoridade nenhuma para alegar que ninguém do mundo é terrorista. Eles são os principais aliados do regime sionista no genocídio que acontece na Faixa de Gaza. Eles fornecem as bombas, veículos, apoio econômico e político. Seria impossível para o regime sionista promover o genocídio em Gaza sem o apoio que recebe dos EUA. E isso é apenas uma das monstruosidades terroristas realizadas pelo governo norte-americano.
O Brasil é um país soberano e amigo da Palestina. O IBRASPAL, por meio dessa nota, que também é assinada por outras organizações, pede ao governo que atue imediatamente para acabar com essa ingerência dos EUA no País e que garanta os direitos de Muslim Abuumar, vítima de perseguição política apenas por ser palestino.
Brasília, 23 de junho de 2024.
Dr. Ahmed Shehada
Presidente do Instituto Brasil-Palestina- IBRASPAL
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