Plano golpista previa deslocamento de militares do Rio a Brasília: 'vai precisar'
Relatório da PF aponta mensagens que evidenciam discussões sobre o orçamento e a arregimentação de militares no Rio de Janeiro para consumar o golpe
247 - A Polícia Federal finalizou na última quinta-feira (21) o inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022, revelando detalhes de um suposto planejamento envolvendo militares e aliados de Jair Bolsonaro (PL). O relatório aponta ações coordenadas e a utilização de recursos estimados em R$ 100 mil para executar o plano, que incluía logística para transporte, hospedagem, alimentação e materiais.
Segundo a coluna do jornalista Paulo Cappelli, do Metrópoles, o relatório da PF aponta que mensagens recuperadas entre o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e o major Rafael Martins evidenciam discussões sobre o orçamento e a arregimentação de aliados no Rio de Janeiro.
Em uma das conversas, Mauro Cid afirmou: “Para trazer um pessoal do Rio”, sendo respondido por Rafael: “Pode ser preciso também”. Cid encerrou a troca confirmando: “Vai precisar”. A Polícia Federal conseguiu acessar os diálogos devido a um bug no aplicativo de mensagens utilizado pelo Exército, o UNA, que obrigou os envolvidos a usarem o WhatsApp, expondo as conversas aos investigadores.
Foi no Rio de Janeiro que militares envolvidos no esquema foram presos, entre eles o general de brigada da reserva Mario Fernandes, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima e os majores Rodrigo Bezerra Azevedo e Rafael Martins.
A PF também identificou uma frente específica do plano, que previa a realização de ações contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, incluindo o sequestro e o assassinato do magistrado. Investigadores relataram que militares foram até a quadra residencial de Moraes, em Brasília, como parte do planejamento.
O ministro, alvo de ataques por parte do bolsonarismo desde que incluiu Bolsonaro no inquérito das fake news em 2021, foi identificado pela organização como um dos principais obstáculos ao plano. Moraes, que conduz o inquérito no STF, se tornou uma figura central na repressão a atos antidemocráticos.
Além de Bolsonaro, entre os indiciados pela PF estão os ex-ministros da Defesa Braga Netto e Augusto Heleno, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Todos são acusados de crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Ao todo, 37 pessoas foram indiciadas no chamado inquérito do golpe.
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