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    Polícia Federal registra maior crise interna de sua história ao longo do governo Bolsonaro

    Politização da corporação, que teve quatro diretores-gerais desde o início do governo, expôs a crise interna na cúpula da PF

    (Foto: ABr)

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    247 - A Polícia Federal (PF) registrou uma das crises mais profundas de sua história ao longo do governo Jair Bolsonaro (PL). A politização da corporação, que resultou na troca de quatro diretores-gerais até outubro deste ano, maior número já registrado desde o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), expôs o racha interno na PF e resultou até mesmo na nomeação de delegados para cargos de comando por razões políticas. 

    Segundo a Folha de S.Paulo, “de forma inédita na história da PF, uma ingerência política barrou em abril deste ano a tentativa da cúpula do órgão de trocar o então superintendente em Alagoas Sandro Valle Pereira. Também pela primeira vez foram formalizadas na Justiça denúncias de suspeitas, por duas vezes, de interferências políticas na PF. A primeira, denunciada pelo hoje senador eleito Sergio Moro. A segunda, em junho, pelo delegado Bruno Calandrini, responsável pela operação que prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro”. 

    Mais recentemente, o ministro da Justiça, Anderson Torres, solicitou que a PF abra um inquérito para investigar os institutos de pesquisas eleitorais, alvo de críticas e ataques por parte de Jair Bolsonaro e seus aliados pela divergência nos resultados das eleições divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

    “As turbulências pelas quais a PF passou até agora contrastam com a euforia de integrantes da corporação após a eleição do presidente e a escolha de Moro como ministro da Justiça, ainda em 2018”, ressalta a reportagem. “A realidade, porém, começou a se mostrar diferente já em 2019. Em agosto, Bolsonaro anunciou em entrevista que iria trocar o comando da PF do Rio sem consultar a direção do órgão. Ele chegou a revelar o substituto, mas uma nota da corporação negou a indicação e apontou outro nome”, diz o periódico mais à frente. 

    A tensão se agravou após o ex-juiz suspeito pedir demissão em abril de 2020. Na época, Moro acusou Bolsonaro de interferir politicamente na corporação para mudar o então diretor-geral Maurício Valeixo. “Após a saída de Valeixo, Bolsonaro tentou nomear Alexandre Ramagem para o comando da PF, mas foi barrado por uma decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes. No lugar de Ramagem, alocado no comando da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o presidente nomeou Rolando de Souza, que ficou no cargo de maio de 2020 a abril de 2021”, diz a reportagem. 

    O comando da PF foi assumido, então, por Paulo Maiurino, “que estava fora da corporação havia cerca de dez anos, ocupando cargos por indicação política em governos''. Na direção-geral, Maiurino virou alvo do inquérito sobre a interferência política de Bolsonaro na corporação. Ele foi substituído em fevereiro por Márcio Nunes, considerado braço direito do ministro da Justiça, Anderson Torres

    A reportagem ressalta, ainda, que houve uma queda no número de prisões em casos de corrupção ao longo do governo Bolsonaro. O foco atual são as ações de repressão ao tráfico de drogas “em contraposição ao foco de anos anteriores, com combate a desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro”.

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