Polícia realiza nova ação contra o Escritório do Crime, milícia ligada ao clã Bolsonaro
A Polícia Civil e o MP-RJ iniciaram uma operação na manhã desta terça-feira para cumprir uma série de mandados de prisão, busca e apreensão contra o Escritório do Crime, grupo miliciano de matadores profissionais suspeito de envolvimento com o assassinato de Marielle Franco. Seu chefe era o miliciano Adriano da Nóbrega, que tinha ligação íntima com Jair e Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz
247 - A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) iniciaram uma operação no início da manhã desta terça-feira (30) com o objetivo de cumprir seis mandados de prisão e 31 de busca e apreensão contra o Escritório do Crime. O grupo é investigado por crimes sob encomenda, dentre eles o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL). Integram o Escritório do Crime policiais, ex-policiais e milicianos.
Agentes cumpriram seis mandados de prisão contra os chefes do bando, além de 31 de busca e apreensão em vários pontos da cidade. Alguns locais são residências de três ex-PMs e de um policial inativo. O principal alvo é Leonardo Gouvea da Silva, o Mad, substituto do ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Adriano Magalhães da Nóbrega, à frente da organização criminosa.
Mad foi preso na casa dele, de dois andares, na Vila Valqueire, na Zona Norte do Rio. Ele sucedeu o chefe do grupo, Adriano da Nóbrega, que tinha ligação íntima com Jair e Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz. A mãe e a ex-mulher de Adriano trabalharam no gabinete de Flávio quando ele era deputado estadual no Rio.
Ao ser preso, Mad foi logo se justificando, sem que fosse perguntado: "Não tenho nada com a morte da Marielle", respondeu para o delegado e para a coordenadora do Gaeco, Simone Sibilio.
Irmão de Mad, Leandro, conhecido como Tonhão, também foi preso.
O clã, Queiroz e Adriano
Após iniciativa do filho de Jair Bolsonaro, Adriano da Nóbrega foi homenageado com a maior condecoração concedida pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), a Medalha Tiradentes. O policial foi morto durante operação policial na Bahia, em fevereiro deste ano.
Uma das principais suspeitas sobre os assassinatos cometidos pelo Escritório do Crime é o de Marielle Franco, morta pelo crime organizado. Os atiradores efetuaram os disparos em um lugar sem câmeras e antes haviam perseguido o carro dele por cerca de três quilômetros. Ela denunciava a violência policial nas favelas, bem como a atuação de milícias.
O curioso é que, de acordo com registros da Alerj, Flávio Bolsonaro Jair Bolsonaro foi o único a votar contra a proposta do deputado estadual Marcelo Freixo (PSol), atual deputado federal, para conceder a medalha Tiradentes em homenagem à vereadora quando o pessolista ocupava um cargo no Legislativo do estado do Rio.
Preso no último dia 18 em Atibaia (SP), Queiroz também tinha ligação íntima com Nóbrega, do Escritório do Crime. O juiz Flávio Itabaiana Nicolau, da 27ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), avaliou que o ex-assessor e sua mulher, Márcia Oliveira de Aguiar, poderiam atrapalhar as investigações, ameaçando testemunhas e investigados, se continuassem soltos. O magistrado citou mensagens dela que chegou a comparar o marido com um bandido "que tá preso dando ordens aqui fora, resolvendo tudo".
Vale ressaltar que uma das testemunhas que deixaram de ser ouvidas foi Danielle Nóbrega, ex-mulher de Adriano da Nóbrega.
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