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    Posição de Bolsonaro sobre crise com Irã cria tensões no Itamaraty e em setores militares

    A posição do governo Bolsonaro de apoio a Trump na crise entre os EUA e o Irã, expressa em entrevistas do titular do Executivo e no comunicado do Ministério das Relações Exteriores, foi duramente criticada por colocar em risco os interesses nacionais, abandonar o respeito à soberania e a tradição diplomática do país. As críticas foram feitas por setores diplomáticos e militares. Alas das Forças Armadas deixaram claro que não querem ver o país envolvido na crise entre americanos e iranianos

    Bolsonaro e Trump (Foto: Alan Santos/PR)

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    247 - Os diplomatas brasileiros que seguem a cartilha do Departamento de Estado dos EUA serão cobrados e testados por essa aliança com a Casa Branca na crise com o Irã. 

    O momento em que isso vai acontecer será durante uma conferência que se realizará no Brasil, em um mês.

    Nos dias 5 e 6 de fevereiro, o governo brasileiro aceitou sediar um encontro entre aliados militares dos EUA para debater a situação no Oriente Médio e no Golfo Pérsico, informa o jornalista Jamil Chade .

    Oficialmente, a reunião faz parte do Processo de Varsóvia e teria como função o debate de assuntos relacionados à crise humanitária e refugiados, numa agenda que já havia sido estabelecida em dezembro. O Processo de Varsóvia foi lançado pelo governo Trump na capital polonesa no início de 2019 com o objetivo de reposicionar os EUA na região. Mas, nos bastidores, o projeto tem um só objetivo: conter o Irã.

    Levando em consideração os encontros dos últimos meses, nenhum das demais potências deve fazer parte da iniciativa. China e Rússia alertam que o processo é uma forma diplomática que os americanos encontraram para planejar o Oriente Médio e o Golfo sem o Irã. A França também se recusou a participar da iniciativa.

    Na região, os participantes são os aliados americanos: Afeganistão, Bahrein, Jordânia, Emirados Árabes e Arábia Saudita, além dos israelenses.

    Iraque, Síria, Turquia e Líbano, além dos palestinos, também se recusam a chancelar o processo.

    Os debates dessa conferência serão fortemente marcados pela crise entre os EUA e o Irã, segundo diplomatas europeus. 

    Alas das Forças Armadas brasileiras deixaram claro que não querem ver o país envolvido na crise entre americanos e iranianos. Mas o grupo mais próximo aos EUA, liderado pelo Itamaraty, pressionou por uma declaração de apoio aos atos de Trump e acabou prevalecendo.

    Fontes em Brasília indicaram que, antes de o comunicado oficial do governo ser emitido pela chancelaria, versões preliminares circularam com um tom de apoio ainda mais forte aos interesses da Casa Branca.

    Dentro do Itamaraty, o comunicado de apoio aos americanos também foi duramente criticado. Embaixadores e diplomatas indicaram que o texto reflete um rompimento de uma tradicional posição de promoção da paz e diálogo do Brasil, assim como uma chancela de uma violação da soberania de outro país. "Ninguém respeita quem adota uma posição de lacaio", alertou um experiente embaixador. "Em vez de defender os interesses do país, defendem os interesses americanos. Assim, nenhum país pode ser respeitado", disse.

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