Presidente do Conselho Federal de Medicina nega consenso científico mundial e mantém aval a cloroquina
“Nesse momento nós não vemos nenhuma necessidade de modificar o parecer e temos dificuldade de entender por que tamanha resistência de se respeitar a autonomia do médico e a autonomia do paciente”, disse o presidente do CFM, Mauro Ribeiro sobre o uso de remédios sem eficácia comprovada contra a Covid-19
247 - O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro, disse que o colegiado não pretende rever um parecer de abril do ano passado que autoriza os médicos a receitarem remédios como a cloroquina para o tratamento de pacientes com Covid-19. O uso do medicamento, porém, não é recomendado por entidades do setor, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), em função das drogas não terem eficácia cientifica comprovada e dos riscos oferecidos aos pacientes.
“Nesse momento nós não vemos nenhuma necessidade de modificar o parecer e temos dificuldade de entender por que tamanha resistência de se respeitar a autonomia do médico e a autonomia do paciente para o tratamento de uma doença que não tem tratamento conhecido nessa fase”, disse Ribeiro em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo ele, “a ideia de que a ciência já concluiu que essas drogas não têm efeito não é 100% verdadeira. Se você for pra literatura, você tem de tudo: trabalhos que mostram efetividade dessas drogas no tratamento inicial da covid e outros tantos que mostram que essas drogas não têm efeito nenhum na covid. Ambos os lados têm trabalhos com metodologias questionáveis”.
De acordo com Ribeiro, no caso do chamado “Kit Covid” – que inclui drogas como ivermectina e azitromicina, além da cloroquina -, cujo uso é defendido por Jair Bolsonaro a despeito das orientações dos principais órgãos de saúde em nível mundial, o médico possui autonomia para prescrever as medicações que julgar necessária.
Ele, porém, ressaltou que os profissionais que prescrevem coquetéis de medicamentos que podem causar danos à saúde podem responder pelo ato nos conselhos regionais. O uso destas drogas já resultou em ao menos três mortes por hepatite medicamentosa e levou cinco pessoas à fila de transplante de fígado. Segundo o médico, “as drogas que são usadas têm poucos efeitos colaterais” e o assunto vem sendo “politizado”.
“Temos uma doença altamente transmissível, que mata. É uma doença que, na fase inicial, não tem tratamento reconhecido de maneira indubitável por parte da ciência. Agora, existem estudos observacionais que mostram o benefício de algumas drogas. Só que esse tratamento é tão politizado no Brasil que quem defende o tratamento é taxado de simpatizante do presidente da República e quem não faz o tratamento é taxado imediatamente como contrário ao presidente. E essa discussão é tudo que nós não precisamos”, disse.
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