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    Sakamoto: governo diz ser contra internacionalização da Amazônia, mas abre porta para estrangeiros

    Jornalista Leonardo Sakamoto avalia a ambiguidade do governo Jair Bolsonaro em torno da Amazônia, uma vez que ao mesmo tempo em que diz ser contra a internacionalização convida países estrangeiros para explorar os recursos naturais da região; "Não é a primeira vez que faz isso. Em abril, afirmou que ofereceu “abrir para ele [Donald Trump] explorar a região amazônica em parceria”, destaca

    247 - O jornalista Leonardo Sakamato avalia a ambiguidade do governo Jair Bolsonaro em torno da Amazônia, uma vez que ao mesmo tempo em que diz ser contra a internacionalização convida países estrangeiros para explorar os recursos naturais da região. 

    “Ironicamente, enquanto denunciava uma suposta trama contra o país, nesta quinta (20), Jair Bolsonaro disse que vai se reunir com o primeiro-ministro japonês na próxima semana e irá propor de "explorarmos a biodiversidade na região". Não é a primeira vez que faz isso. Em abril, afirmou que ofereceu “abrir para ele [Donald Trump] explorar a região amazônica em parceria”, destaca.  

    “Ou seja, ao mesmo tempo em que o presidente é tigrão com organizações da sociedade civil e movimentos sociais nacionais e estrangeiros e agências das Nações Unidas que atuam nas defesa dos direitos fundamentais no Brasil, ele é gatinho com governos e empresas estrangeiros”, avalia Sakamoto.

    “Ao recuperar indiretamente o lema da ditadura do "integrar para não entregar", Bolsonaro não conta – por má fé ou ignorância – que a região já está integrada ao capitalismo global. Ou seja, a Amazônia já foi internacionalizada. E não é de agora”, ressalta.  

    Desde o período militar, ela está conectada aos centros do capitalismo nacional e mundial através de cadeias produtivas que exploram recursos naturais, mão de obra e energia – o que não significou, necessariamente, melhora na qualidade de vida de populações tradicionais, camponeses e trabalhadores rurais”, observa o jornalista.

    Para ele, “Bolsonaro incorre em um comportamento comum de governantes que acreditam que o termo "internacionalização" vale apenas para a presença da sociedade civil e organizações internacionais estrangeiras, nunca para multinacionais. Uma visão superficial e enviesada que acredita que o setor empresarial é bonzinho e o terceiro setor é malvado”.

    “O Brasil vai alcançar seu ideal de nação não quando for o celeiro do planeta ou quando tiver um assento entre os mais ricos, mas no momento em que seus filhos e filhas tiverem a certeza de que não serão expulsos de suas comunidades para dar lugar a plantações e hidrelétricas. Que não serão escravizados em fazendas de gado e café gerando lucros no altar da competitividade. Que não precisarão cruzar os dedos para que o clima não enlouqueça e um morro deslize sobre sua casa ou seu carro. Que não serão assassinados por serem de outra etnia”, finaliza.

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