Santos Cruz bloqueou dinheiro para Olavo
Segundo site A República, o chefe da Secom, Fábio Wajngarten, apresentou ao então ministro Santos Cruz um projeto de pagar R$ 320 mil por mês a Olavo de Carvalho para que ele tivesse um programa de TV veiculado na EBC, TV Escola e em plataformas digitais do governo; Cruz disse não; deia foi reapresentada uma segunda vez, agora com valor superior a R$ 400 mil; e o ministro disse não de novo
De A República - Militares com assento no Palácio do Planalto afirmam que o ex-ministro Carlos Alberto Santos Cruz, demitido da Secretaria de Governo, vinha recebendo pressão cada vez maior de Carlos Bolsonaro. Segundo essas fontes, na primeira reunião de Cruz com Fábio Wajngarten, secretário de Comunicação da Presidência (Secom), próximo de Carlos Bolsonaro, este apresentou ao ministro o projeto de pagar 320 mil reais por mês ao escritor Olavo de Carvalho para que ele tivesse um programa de TV veiculado na EBC, TV Escola e em plataformas digitais do governo. Além disso, Wajgarten propôs a Cruz colocar um olavista em cada uma das secretarias de comunicação dos ministérios. Cruz disse não.
A ideia foi reapresentada uma segunda vez. O valor passou de 400 mil. Cruz disse não, de novo.
O confronto com Olavo e a recusa a ceder dinheiro ou emprego ao escritor e seus seguidores foi a onda que se avolumou contra o ministro, tornando-se um problema para o presidente Jair Bolsonaro, que o tem como um amigo. "Foi um momento constrangedor para nós", disse ele. "O governo segue aberto, mas [ele] não demonstrou interesse [em continuar]."
Embora seja militar, Cruz não estava no governo na cota dos militares, e sim na do próprio Bolsonaro, de quem é próximo desde que o defendeu na sua exclusão da ativa, quando o hoje presidente ainda era capitão. Por essa proximidade, Cruz era dos poucos que, dentro do governo, acreditava ter cacife para confrontar o presidente e impedir erros - incluindo o avanço do olavismo.
PETISTAS PRESERVADOS
Outra crítica que se ouvia dentro do governo a respeito de Cruz era o fato de que ele tinha travado todas as contratações. O governo tem 22 mil cargos comissionados, isto é, nos quais pode mexer, por não se tratarem de funcionários de carreira. Esses cargos continuam a ser ocupados por gente que entrou com o PT. Foram conservados pelo presidente Michel Temer, em troca de passagem para os projetos do governo no Congresso.
Com isso, o governo federal continuou e continua aparelhado pelo PT e partidos de suporte ao governo Dilma Rousseff. O ministro da casa Civil, Onyx Lorenzoni, optou por demitir num único dia, no início do governo, todos os comissionados dentro de sua pasta. Já Cruz decidiu mantê-los - e observar a "prata da casa".
Na prática, além de manter no governo gente que Bolsonaro se propunha a trocar, Cruz acabou se tornando um empecilho para a negociação de cargos com o Congresso, que tanto Onyx quanto Bolsonaro pretendem soltar, para facilitar o trâmite das reformas. Embora o governo não admita publicamente, é uma concessão feita ao que Bolsonaro chamou de "velha política", para poder avançar com as medidas sem as quais o governo permanecerá paralisado.
Enquanto ele relutava em reocupar cargos, os filhos de Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, passaram a indicar nomes e foram ocupando o espaço político que lhe caberia. A trégua pública que Bolsonaro pediu a Olavo de Carvalho durou pouco.
Cruz saiu do posto sem comentários públicos contra o presidente. Escreveu uma carta pública de agradecimento a Bolsonaro ("saúde, felicidade e sucesso"). Contudo, queixou-se a gente mais próxima da pressão do olavismo e da troca ideológica na administração, que lhe pareceu uma tendência inevitável, mas com a qual não podia concordar.
Para o lugar de Cruz, Bolsonaro já apontou o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, comandante militar do Sudeste. A nomeação de um oficial da ativa significa que o presidente não quer fazer parecer que os militares estão abandonando seu governo. A troca seria, dessa forma, uma mera reposição.
Resta saber como o novo ministro da Secretaria de Governo lidará com as pressões que Cruz já vinha recebendo, em especial de Carlos Bolsonaro, cuja ação já havia colocado por terra outro ministro, antes de Cruz: Gustavo Bebianno, da Secretaria Geral da Presidência. Sem mencionar o próprio Olavo, que no governo Bolsonaro parece ser como a o bambu do provérbio chinês: dobra-se ao vento, mas não quebra - volta a ficar em pé.
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