Stédile: não é possível salvar as empresas se antes não houver vidas
O líder do MST João Pedro Stédile defendeu a manutenção do isolamento social diante da pandemia de coronavírus e acredita que haverá uma reorganização do modelo econômico após a crise. Assista na TV 247
247 - O líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Pedro Stédile, conversou com a TV 247 sobre a pandemia do novo coronavírus. Ele saiu em defesa do isolamento domiciliar como medida de contenção do vírus, mesmo que isto prejudique fortemente a economia, para que se possa salvar primeiramente a vida das pessoas.
Stédile pontuou que é possível reconstruir as empresas e corrigir os danos na economia com inteligência e força, mas antes é necessário cuidar e preservar vidas humanas a qualquer custo. “A vida das pessoas está acima de qualquer coisa. Para que não se repita essa besteira que o dono do Madero disse nas redes - ‘o que é sete mil pessoas morrerem para os interesses da economia?’ - e aí alguém na rede também ‘trucou’ ele: ‘e se entre os sete mil os primeiros fossem tua família?’. Uma só vida é tão importante, mais importante, que qualquer bem material. Todos os bens materiais tu pode, com a inteligência e trabalho humano, refazê-lo se tu perder. A vida humana não tem volta. Esse é o primeiro fundamento: salvar vidas, seja qual for o custo necessário. Não é possível salvar as empresas se antes não houver vidas”.
“Guerra”. Foi dessa maneira que Stédile classificou a pandemia e falou da necessidade de união entre setores da sociedade para enfrentar a pandemia. “Estamos diante da maior pandemia de saúde pública de todos os tempos. Estamos diante de uma tragédia anunciada que vai exigir de toda a população, do governo, das entidades, das igrejas e de todo mundo que tem trabalho social, uma grande união nacional para poder derrotar. Estamos diante de uma guerra total contra um vírus invisível.
O líder do MST disse que é preciso, após a crise, rediscutir o modelo econômico brasileiro e mundial. “Nós temos que fazer uma grande coalizão nacional e rediscutir os rumos da economia, seja aqui no Brasil, seja o que está acontecendo já na China e em todo mundo. Aquelas diretrizes do neoliberalismo, o domínio do capital financeiro sobre a economia acabou, por isso que eu concordo com os economistas keynesianos que têm alertado que os efeitos do coronavírus sob a economia mundial serão os mesmos da Segunda Guerra Mundial, ou piores, porque vão mudar os parâmetros de referência. Vamos ter de rediscutir um novo modelo econômico para o Brasil e para todos os países do mundo”.
Ele também explicou que os militantes do MST receberam orientações para permanecer em isolamento social até que a pandemia se dissipe.
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