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    Veja como foi o discurso do presidente Lula na Cúpula do Futuro, na ONU

    O presidente citou números e falou sobre algumas de suas propostas na política externa

    Lula na ONU (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

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    247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou neste domingo (22), em discurso na ONU, para a necessidade de pactos globais. O chefe de Estado brasileiro também mencionou algumas estatísticas. Ele participou da Cúpula do Futuro, evento da Organização das Nações Unidas, que acontece em Nova York (EUA).

    Leia a íntegra do pronunciamento:

    Agradeço ao Secretário-Geral António Guterres pela iniciativa de promover esta Cúpula do Futuro.

    Cumprimento a Alemanha e a Namíbia, por meio do chanceler Olaf Scholz e do presidente Nangolo Mbumba, por conduzirem o processo que nos trouxe até aqui.

    Há quase vinte anos, o então Secretário-Geral Kofi Annan nos convidou a pensar em como revigorar o multilateralismo para fazer frente aos desafios do novo milênio.

    Naquela ocasião, ressaltei nesta tribuna a necessidade de reformas para que a ONU pudesse cumprir seu papel histórico.

    Aquela reflexão conjunta rendeu frutos como a Comissão de Consolidação da Paz e o Conselho de Direitos Humanos.

    Outras ideias não saíram do papel.

    Temos duas grandes responsabilidades perante aqueles que nos sucederão.

    A primeira é nunca retroceder.

    Não podemos recuar na promoção da igualdade de gêneros, nem na luta contra o racismo e todas as formas de discriminação.

    Tampouco podemos voltar a conviver com ameaças nucleares.

    É inaceitável regredir a um mundo dividido em fronteiras ideológicas ou zonas de influência.

    Naturalizar a fome de 733 milhões de pessoas seria vergonhoso.

    Voltar atrás em nossos compromissos é colocar em xeque tudo o que construímos tão arduamente.

    Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos e caminham para se tornarem nosso maior fracasso coletivo.

    No ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo.

    Na presidência do G20, o Brasil lançará uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza para acelerar a superação desses flagelos.

    Na COP28 do Clima, o mundo realizou um balanço global da implementação das metas do Acordo de Paris.

    Os níveis atuais de redução de emissões de gases do efeito estufa e financiamento climático são insuficientes para manter o planeta seguro.

    Em parceria com o Secretário-Geral, como preparação para a COP30, vamos trabalhar por um balanço ético global, reunindo diversos setores da sociedade civil para pensar a ação climática sob o prisma da justiça, da equidade e da solidariedade.

    Nossa segunda responsabilidade comum é abrir caminhos diante dos novos riscos e oportunidades.

    O Pacto para o Futuro nos aponta a direção a seguir.

    O documento trata de forma inédita temas importantes como a dívida de países em desenvolvimento e a tributação internacional.

    A criação de uma instância de diálogo entre Chefes de Estado e de Governo e líderes de instituições financeiras internacionais promete recolocar a ONU no centro do debate econômico mundial.

    O Pacto Global Digital é um ponto de partida para uma governança digital inclusiva, que reduza as assimetrias de uma economia baseada em dados e mitigue o impacto de novas tecnologias como a Inteligência Artificial.

    Todos esses avanços serão louváveis e significativos.

    Mas, ainda assim, nos faltam ambição e ousadia.

    A crise da governança global requer transformações estruturais.

    A pandemia, os conflitos na Europa e no Oriente Médio, a corrida armamentista e a mudança do clima escancaram as limitações das instâncias multilaterais.

    A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões.

    A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado.

    A legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades.

    As instituições de Bretton Woods desconsideram as prioridades e as necessidades do mundo em desenvolvimento.

    O Sul Global não está representado de forma condizente com seu atual peso político, econômico e demográfico.

    A Carta da ONU não faz referência à promoção do desenvolvimento sustentável.

    Precisamos de coragem e vontade política para mudar, criando hoje o amanhã que queremos.

    O melhor legado que podemos deixar às gerações futuras é uma governança capaz de responder de forma efetiva aos desafios que persistem e aos que surgirão.

    Muito obrigado.

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