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    Comentário: “Fabricado nos EUA” ou “flagelo pelos EUA”: a que os europeus dizem “não”?

    De acordo com a Federação da Indústria Automobilística da França, em fevereiro, as vendas de automóveis da Tesla no país caíram 26,1%

    (Foto: CGTN)

    CGTN – Comprar produtos dos EUA ou não? Para os europeus, esta questão nunca foi tão complexa. 

    Atualmente, esse dilema tem ganhado grande destaque nas redes sociais. Desde fevereiro, as discussões sobre a campanha de “boicote aos produtos dos EUA na Europa” aumentaram consideravelmente em plataformas como o X. No Facebook, o número de membros de um grupo dinamarquês que defende o boicote a produtos estadunidenses saltou de 1.000, no início de fevereiro, para 72.000 atualmente — um aumento significativo para um país com cerca de seis milhões de habitantes. Na Suécia, uma pesquisa revelou que quase 80% dos entrevistados possivelmente evitariam comprar produtos estadunidenses em seu dia a dia. 

    De acordo com a Federação da Indústria Automobilística da França, em fevereiro, as vendas de automóveis da Tesla no país caíram 26,1% em comparação com o mesmo período do ano passado. O jornal francês Le Figaro especulou que parte da queda nas vendas pode ser atribuída à ligação entre o fundador da Tesla e a Casa Branca, o que teria gerado rejeição entre os europeus.

    Agora, ao ir a um supermercado do grupo dinamarquês Salling, pode-se perceber que os produtos de marcas europeias ganharam uma etiqueta com um ícone de estrela. A empresa explicou que essa medida foi adotada para facilitar a escolha dos consumidores, já que cada vez mais pessoas preferem produtos europeus a estadunidenses. 

    Historicamente, os EUA e a Europa são aliados próximos. Por que, então, os europeus estão, desta vez, tão decididos a boicotar produtos dos EUA? 

    A razão mais imediata está relacionada às declarações dos EUA sobre a Groenlândia. Antes mesmo de assumir o cargo, Donald Trump já havia expressado o desejo de adquirir a ilha, administrada pela Dinamarca, chegando a declarar que não descartaria o uso da força. 

    A crise na Ucrânia também serviu de estopim. Quando os EUA excluíram a Europa das negociações diretas com a Rússia, o Financial Times britânico destacou que a Europa foi relegada à “mesa das crianças”. 

    Outro fator que afeta diretamente a vida dos europeus são as tarifas. Em 12 de março, entrou em vigor a decisão dos EUA de impor uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. Como segundo maior fornecedor de aço para os EUA, a União Europeia enfrentará um custo significativo. No mesmo dia, a Comissão Europeia anunciou que, a partir do próximo mês, imporia tarifas retaliatórias sobre produtos estadunidenses, totalizando 26 bilhões de euros. 

    Soberania, segurança e economia — os três pilares centrais dos interesses europeus — estão sendo ameaçados, humilhados e chantageados pelos EUA. Não é de admirar que alguns analistas afirmem que, à primeira vista, os europeus estão boicotando produtos estadunidenses, mas, no fundo, estão rejeitando os “flagelos” impostos pelos EUA ao continente. 

    Para os políticos estadunidenses, essa onda de boicote é um sinal de alerta. O novo governo dos EUA, ao impor tarifas de forma indiscriminada, provocou a oposição e a retaliação de vários países. Se o movimento de boicote continuar crescendo, as empresas do país norte-americano serão as mais prejudicadas. 

    Os líderes europeus devem refletir, pois esse boicote espontâneo não é apenas uma escolha de consumo, mas também um protesto contra a hegemonia e o bullying dos EUA, bem como uma expressão do desejo por uma verdadeira autonomia estratégica europeia.

     Fonte: CMG

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