Ex-membro da unidade japonesa 731 volta à China para expressar arrependimento às vítimas da guerra

CMG – No dia 13 de agosto, Hideo Shimizu, ex-integrante da Unidade 731, que foi o notório destacamento japonês de guerra bacteriológica durante a Segunda Guerra Mundial, visitou o Salão de Exposições de Evidências de Crimes Cometidos pela Unidade 731 do Exército Imperial Japonês, localizado no distrito de Pingfang, na cidade de Harbin, capital da província de Heilongjiang, no nordeste da China. Sua visita teve como objetivo de identificar e expor os crimes cometidos pelo grupo militar durante a invasão japonesa à China. A atividade estava programada para começar às 9 horas, e Shimizu chegou com cerca de meia hora de antecedência.

“Naquela época, quando entrei no laboratório, o cheiro forte de formalina fez com que meus olhos lacrimejassem incessantemente. Eu apenas dei uma olhada rápida ao redor, e as lágrimas turvaram minha visão, então não me lembro de mais nada. O que ficou mais gravado na minha memória foram os cadáveres de mulheres grávidas com fetos no útero, bem como mãos humanas, órgãos internos, como estômago, intestinos e cérebro”, lembrou o ex-soldado.

Shimizu visitou sucessivamente o antigo posto de guarda, o prédio da sede da Unidade, o local do laboratório de bactérias, a prisão especial e o antigo laboratório de experimentos de congelamento, entre outros locais. Às 10h30, ele chegou ao Monumento da Apologia e da Paz sem Guerra e fez uma reverência ao memorial. “Aqui, sinto um profundo arrependimento e presto minhas condolências às vítimas da guerra. Devido às nossas inúmeras atrocidades, trouxemos imenso sofrimento ao povo chinês. Peço desculpas do fundo do coração”, afirmou.

Shimizu, atualmente com 94 anos, foi recrutado como soldado juvenil em março de 1945, aos 14 anos de idade, e foi enviado à sede da Unidade 731 do Exército Imperial Japonês, em Harbin. Ele fugiu da China com as forças japonesas em retirada no dia 14 de agosto de 1945. Ao retornar ao Japão, ele foi instruído a ocultar sua experiência durante o serviço na Unidade 731. Em 2016, ele revelou sua identidade e começou a expor os crimes de guerra cometido pelo exército japonês na China por meio de palestras públicas e entrevistas, buscando restaurar a verdade histórica.

Agora, 79 anos depois, ao retornar à China, Shimizu deseja saber como Harbin, uma cidade que sofreu com as atrocidades da guerra, se recuperou após a derrota do exército japonês. Ele salientou que realmente não quer que a guerra aconteça novamente. Desta vez, ele vem à China para pedir desculpas sinceras do fundo do seu coração.

Tradução: Zhao Yan

Revisão: Diego Goulart