Lula: “Quem tem de vender as coisas do Brasil é o Brasil”

247 - Em sua viagem ao Japão e Vietnã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou o compromisso do Brasil com o multilateralismo e o livre-comércio, destacando a importância de o país ser protagonista no cenário internacional. Em uma coletiva de imprensa realizada neste sábado (29) em Hanói, antes de seu retorno ao Brasil, Lula fez um balanço positivo da visita, ressaltando avanços comerciais, como a venda de 15 jatos da Embraer à All Nippon Airways (ANA) e a abertura do mercado vietnamita para a carne brasileira.

“Quem tem que vender as coisas do Brasil é o Brasil”, declarou Lula, defendendo que o país deve assumir o papel de líder na promoção de seus produtos e no estabelecimento de acordos concretos com seus parceiros internacionais. O presidente ainda frisou que o Brasil, ao adotar o livre-comércio, deve se afastar do protecionismo, apostando no fortalecimento das relações comerciais com o exterior sem se isolar.

Brasil se prepara para a COP30 e reforça compromisso com a Amazônia

Lula também aproveitou a viagem para falar sobre os planos do Brasil para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém, no Pará, em 2025. "Fazer a COP no coração da Amazônia é chamar o mundo à razão sobre o significado da Amazônia", afirmou. O presidente destacou que a preservação da floresta amazônica exige o financiamento dos países ricos, que, segundo ele, historicamente, foram responsáveis pela degradação ambiental.

O Brasil, conforme o presidente, está comprometido com a meta de alcançar o desmatamento zero até 2030, além de apostar na transição energética com foco na produção de energia limpa. "Vamos levar a sério", garantiu Lula, reforçando o compromisso do Brasil com a preservação ambiental, independentemente de pressões externas.

Visitas ao Japão e Vietnã reforçam laços comerciais e geopolíticos

A visita a esses dois países também teve uma forte ênfase nas relações comerciais. Lula destacou a importância do Japão para o Brasil, que mantém uma relação diplomática com o país desde 1908, e do Vietnã, que, para o presidente, representa uma porta de entrada estratégica para a ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático). "É importante tentar levar o Vietnã para o acordo com o Mercosul", afirmou o presidente, sugerindo que essa parceria comercial seria benéfica para a região.

O presidente também se mostrou otimista quanto à expansão da Embraer na Ásia, com a expectativa de que o Vietnã se torne um mercado importante para os jatos da fabricante brasileira. "Queremos que as empresas brasileiras voltem a construir o mundo", declarou Lula, enfatizando a competitividade do Brasil nos setores de aviação, tecnologia e outros produtos.

Lula se prepara para negociar tarifas com os EUA e defender os interesses do Brasil

Em relação às negociações comerciais com os Estados Unidos, Lula afirmou que o Brasil irá buscar todas as possibilidades de diálogo para resolver questões tarifárias. "Não teremos nenhuma preocupação de recorrer à OMC, que é o lugar onde todos os problemas comerciais deveriam ser resolvidos", disse o presidente, deixando claro que o Brasil defenderá seus interesses e buscará soluções adequadas no âmbito das negociações internacionais.

Com sua viagem, Lula reforçou a imagem do Brasil como uma nação que não só aposta no livre-comércio e no multilateralismo, mas que também está disposta a desempenhar um papel de liderança nas principais discussões globais, seja no comércio internacional ou nas questões ambientais.