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    Epidemiologista diz que Brasil abriu 'portas para variantes' da Índia após atraso em restrições

    Segundo Guilherme Werneck, professor do Instituto de Medicina Social da UERJ, devido à situação "dramática" da evolução da pandemia no país asiático, com o surgimento da nova variante, o governo brasileiro já "deveria ter imposto, imediatamente, restrições à entrada de pessoas originárias da Índia ou de outros países onde essa nova variante já está prevalecendo"

    Epidemiologista Guilherme Werneck (Foto: Reprodução (Youtube))
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    Agência Sputnik - Epidemiologista teme uma nova piora das condições sanitárias do país devido ao atraso de dez dias para anunciar restrições de voos vindos da Índia, o que teria ajudado a conter a cepa com "característica de maior transmissibilidade".

    O governo federal brasileiro ignorou por dez dias uma recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para suspender voos vindos da Índia.

    Além de registrar recordes diários de casos e mortes por COVID-19, o país é o berço de uma nova variante do SARS-CoV-2 classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como "preocupante".

    A recomendação da Anvisa foi enviada ao Comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da COVID-19 no dia 4 de maio, mas a decisão do governo de Jair Bolsonaro sobre restrições só foi decretada na última sexta-feira (14).

    Estados Unidos, Canadá, Austrália e diversos países europeus e asiáticos já haviam suspendido voos da Índia - muitos deles, desde abril.

    Além da Índia, o Brasil já aplicou medidas de restrições para o Reino Unido e a África do Sul, onde também foram identificadas variantes do coronavírus.

    "Ficam proibidos, em caráter temporário, voos internacionais com destino à República Federativa do Brasil que tenham origem ou passagem pelo Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, pela República da África do Sul e pela República da Índia", diz o texto da portaria 653 da Casa Civil, publicada em edição extra do Diário Oficial da União na última sexta-feira (14).

    Para o epidemiologista Guilherme Werneck, professor do Instituto de Medicina Social da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), o país já conhece a "forma pouca efetividade do governo federal em lidar com a pandemia de COVID-19".

    Segundo ele, devido à situação "dramática" da evolução da pandemia no país asiático, com o surgimento da nova variante, o governo brasileiro já "deveria ter imposto, imediatamente, restrições à entrada de pessoas originárias da Índia ou de outros países onde essa nova variante já está prevalecendo, como o Reino Unido".

    Ele enfatiza que, desde o início da crise indiana, o Brasil já deveria ter exigido a quarentena obrigatória de 14 dias a viajantes que passassem pelo país asiático, além da apresentação de teste de RT-PCR negativo.

    "Essa seria a conduta ideal. E o atraso dessa medida pode custar caro à população brasileira, com a possibilidade de entrada e espalhamento dessa nova variante no Brasil, eventualmente provocando sua disseminação e piora das condições sanitárias", alertou Werneck, em entrevista à Sputnik Brasil.

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