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    Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, prevê: “Teremos o março mais triste de nossas vidas”

    A pneumologista que se tornou uma referência na pandemia prevê “o março mais triste de nossas vidas”. Ela concorda com Miguel NIcolelis e defende um lockdown nacional urgente de 15 dias de duração

    Margareth Dalcomo (Foto: Reprodução)

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    247 - A pneumologista Margareth Dalcolmo, professora e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, tornou-se uma referência da medicina e da ciência brasileira na pandemia do coronavírus. E ela está muito preocupada: “E agora eu não tenho dúvida de que teremos o mais triste março de nossas vidas. Isso é resultado do Carnaval e do descompasso entre o que nós, cientistas, dizemos, e o que as autoridades afirmam. Nos últimos dias, ouvimos que não é pra usar máscaras. Não há dúvidas, está demonstrado que a máscara é uma barreira mecânica que protege quem usa e todo mundo ao redor”. Ela se somou ao apelo do cientista Miguel Nicolelis por um lockdown nacional: “Estou totalmente de acordo com o professor Miguel Nicolelis, que em entrevistas recentes disse que o Brasil precisaria de um lockdown de duas semanas bastante rígido para interceptar as cadeias de transmissão do coronavírus”.
    Ela concedeu uma entrevista a André Biernath, da BBC News Brasil num momento em que a pandemia mostra a sua pior face no país -até agora. De acordo com dados das secretarias estaduais de saúde, 17 estados têm ocupação em hospitais acima de 80%, um nível considerado crítico. Outros oitos estados têm taxas que superam os 90% — no Rio Grande do Sul, por exemplo, o número chegou a 100%.

    Na entrevista, Dalcomo afirma que “o que vemos agora então é uma pressão enorme sobre o sistema de saúde, que sofre com uma taxa de ocupação de leitos acima de qualquer nível desejado em hospitais públicos e privados”.

    Ela adverte que “há outro fator muito grave: a Covid-19 se rejuvenesce no Brasil. Hoje vemos muitos jovens internados, que desenvolvem casos graves. Esses indivíduos têm uma força de transmissão enorme, porque eles se aglomeram, cantam, falam alto e repetem todos aqueles comportamentos que sabemos serem decisivos para transmitir uma doença viral respiratória”.

    Para a pneumologista, o traço comum da pandemia no Brasil e EUA é o ataque aos pobres, especialmente os pretos: “A Covid-19 é um marco em lugares como o Brasil e os Estados Unidos. Em Nova York, 40% dos óbitos pela doença aconteceram com pretos e pobres. A mesma coisa se repete aqui. Nós podemos dar inúmeros exemplos das medidas sanitárias necessárias para conter a crise, mas todas elas precisam ser coerentes e ter ligação com a questão social do país e das nossas desigualdades”.

    Margareth Dalcomo criticou acidamente as medidas restritivas de governadores e prefeitos com toques de restrição e fechamento de comércios à noite e durante a madrugada: “Na forma como elas estão sendo propostas, não vão resolver nada. Por que fazer o fechamento e impedir a circulação entre meia noite e cinco da manhã? Nesse horário já não há gente na rua. E quem foi festejar, se aglomerar, beber e fazer tudo de errado, já fez. Essa é uma medida pouco eficaz”.

    Segundo a cientista, é preciso “vacinar 70% de nossa população até o meio do ano. Não é para setembro. É para junho. Caso contrário, vamos propiciar as condições para o aparecimento de outras variantes”

    Dalcomo combateu as ideias de compras de vacina por empresas: “eu sou completamente contrária à compra de vacinas pela iniciativa privada e já me manifestei sobre isso inúmeras vezes. Permitir isso no Brasil é indecente e imoral. O que precisamos é ter uma vacina comprada pelo Governo Federal, que pode contar com a ajuda de empresas e empresários em questões como logística e transporte. Imagina uma prefeitura pequena, que não tem uma capacidade de organização grande. A iniciativa privada pode prover avião, barco, caminhão refrigerado, geladeira, freezer…”

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