Araújo confirma que negociou cloroquina com a Índia para laboratório de bolsonarista
"Naquele momento em março [de 2020] havia eficácia no uso da cloroquina para o tratamento da Covid", afirmou o ex-chanceler Ernesto Araújo na CPI da Covid ao admitir que o governo negociou a compra da cloroquina para o tratamento contra a doença. Medicamento não tem eficácia comprovada
247 - O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo confirmou à CPI da Covid, nesta terça-feira (18), que intermediou a compra de insumos para produção da cloroquina pelo laboratório farmacêutico Apsen, de Renato Spallicci, apoiador de Jair Bolsonaro. O medicamento não tem comprovação científica contra a Covid-19.
"Sim. Naquele momento em março [de 2020] havia eficácia no uso da cloroquina para o tratamento da Covid. Houve uma grande corrida pelos insumos e baixou significamente os estoques da cloroquina", afirmou o ex-chanceler.
O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), perguntou se o Itamaraty recebeu alguma relação de hospitais que faziam testes com cloroquina e Araújo citou testes no Hospital Prevent Senior, em São Paulo. "Mas na minha atribuição não recebi uma relação de testes realizados", disse o ex-ministro.
No dia 4 deste mês, o ex-ministro da Saúde Luis Henrique Mandetta confirmou que recebeu, numa reunião no Planalto, um decreto elaborado pela Presidência de República que mudava a bula da cloroquina inserindo recomendação do uso do medicamento contra Covid-19.
Mentiras
Em seu depoimento, Araújo negou que tenha causado conflitos diplomáticos com a China e ouviu do senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da Comissão, que estava mentindo sistematicamente.
O ex-chanceler usou os termos "comunavírus" e "vírus ideológico" quando esteve à frente da pasta, o que estremeceu a relação com o país asiático, mas disse que não viu ofensa aos chineses e foi questionado pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM). "Como é que não é ofensivo?", questionou o parlamentar na comissão.
O ex-ministro também admitiu que o governo Jair Bolsonaro não fez plano de ação internacional na pandemia.
Leia o posicionamento da Apsen sobre o assunto:
A APSEN Farmacêutica produz hidroxicloroquina no Brasil há 18 anos, com indicação no tratamento de pacientes crônicos com lúpus e artrite reumatoide. Em abril de 2020, com as dificuldades de importação impostas pela pandemia, os esforços da companhia foram concentrados na manutenção do tratamento sem prejuízos à saúde dos mais de 100 mil pacientes crônicos em uso contínuo do medicamento; e em segundo momento, na contribuição com os estudos em andamento na época para análise da possível eficácia para o tratamento da COVID-19.
Reforçamos que, os pedidos de compras de insumos são realizados a cada final de ano para atendimento do ano seguinte, portanto os pedidos referentes ao ano de 2020 haviam sido feitos em novembro de 2019 junto aos fornecedores indianos.
Com a proibição das importações por parte do governo indiano em abril de 2020, a Apsen trabalhou com estoque reduzido e comercialização racionalizada durante os meses de abril, maio, junho e julho. Diante do cenário de possível desabastecimento, contatamos o Ministério da Saúde e o consulado da Índia para nos auxiliar com importação dos insumos adquiridos em Novembro de 2019, assegurando assim o tratamento dos pacientes que fazem uso contínuo dessa medicação, conforme indicação em bula e prescrição médica.
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