Após críticas, Anna Muylaert escala atriz trans para protagonizar “Geni e o Zepelim”
Diretora reconhece erro e anuncia mudança após escalar atriz cis para viver personagem originalmente trans na canção de Chico Buarque
247 - A diretora Anna Muylaert anunciou uma mudança no elenco do filme Geni e o Zepelim, adaptação cinematográfica da música de Chico Buarque. A protagonista Geni, que inicialmente seria interpretada pela atriz cisgênero Thainá Duarte, agora será vivida por uma atriz trans — decisão tomada após a produção ser alvo de críticas intensas nas redes sociais e por representantes da comunidade LGBTQIA+.
“Fazer esse filme com uma mulher cis foi um erro, foi um equívoco. Quero pedir desculpas a todas as pessoas da comunidade trans que se sentiram apagadas em sua corporeidade por causa dessa ideia”, afirmou Muylaert, em vídeo publicado nas redes. “Tive uma visão errada. Vamos trocar a personagem e adaptar o roteiro para uma personagem trans: a Geni”, completou.
A decisão ocorre em meio a um cenário político e social delicado, onde representatividade e lugar de fala têm ganhado centralidade nos debates culturais. A escolha de uma atriz cis para interpretar uma personagem historicamente lida como trans gerou indignação por parte de ativistas e artistas, levando a um movimento de pressão sobre a equipe do longa.
A própria Thainá Duarte se manifestou sobre sua saída do projeto, lamentando a dor causada por toda a controvérsia. “Geni será interpretada por uma mulher trans. Lamento que todo esse processo tenha causado tanta dor. Reafirmo meu compromisso com a escuta, aprendizado e com a luta pela equidade. Boa sorte e todo meu carinho”, escreveu a atriz, também em suas redes sociais.
Thainá relatou que aceitou o papel após diálogo com a diretora, que à época justificou a escolha como parte de uma releitura da obra, situada na Amazônia e com foco no feminino em múltiplas camadas. Mesmo assim, a atriz reconheceu a validade das críticas: “Sinto muito que essa escolha tenha machucado tanto a comunidade trans. Agora eu entendo melhor o tamanho dessa reivindicação.”
Muylaert encerrou sua fala expressando o desejo de que o filme possa, mesmo após a controvérsia, tocar corações e abrir caminhos: “Que Geni ganhe o mundo e sensibilize corações e mentes.”
