Covid mata José Murilo de Carvalho, historiador que apontou o "pecado original da república"
Para ele, ao proclamar a república, militares eliminaram os privilégios da família imperial (nem todos), mas não os privilégios dos demais setores da elite
247 - O historiador José Murilo de Carvalho morreu na madrugada deste domingo aos 84 anos. Ele estava internado com Covid-19. O velório será realizado na segunda-feira, a partir das 9 horas na Academia Brasileira de Letras e o enterro ocorrerá às 13h no Mausoléu da ABL no Cemitério São João Batista.
Murilo era autor de vários livros, como "O pecado original da república", em que criticava os militares pelo golpe da república de 1889. "A República extinguiu o privilégio dos Braganças, mas não conseguiu eliminar os privilégios sociais", disse ele em entrevista à Folha de S. Paulo, em 2019.
"Para os propagandistas, República e democracia eram indissociáveis. Mas a democracia, isto é, a participação popular no sistema representativo, ficou ausente até a década de 1940", afirmou ainda. Por conta desse pecado original é que, segundo ele, 130 anos depois a república "continua sujeita à interferência 'moderadora' das Forças Armadas".
José Murilo era mineiro, bacharel em sociologia e política pela UFMG, mestre em ciência política pela Universidade de Stanford, na Califórnia, onde defendeu tese sobre o Império Brasileiro.
Foi professor e pesquisador visitante nas universidades de Oxford, Leiden, Stanford, Irvine, Londres, Notre Dame, no Instituto de Estudos Avançados de Princeton, e na Fundação Ortega y Gasset em Madrid.
O historiador foi professor emérito da UFRJ e pesquisador emérito do CNPq. Eleito para a ABL em 2004, ocupava a cadeira nº 5. Escreveu 19 livros, entre eles "A Formação das Almas", "A cidadania no Brasil", e "Os bestializados". Fazia parte também da Academia Brasileira de Ciências.
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