Júlia Rocha: o SUS nos protegeu da barbárie
Médica, cantora e escritora mineira relata sua radicalização durante a pandemia, declara voto em Lula contra Bolsonaro, mas é enfática: ‘quero mais’
Opera Mundi - No programa SUB40 desta quinta-feira (07/10), o jornalista Breno Altman entrevistou a cantora, escritora e médica da Família e Comunidade Júlia Rocha.
Tendo atuado no Sistema Único de Saúde (SUS) e estado na linha de frente no combate à pandemia em uma Unidade Básica de Saúde, a médica foi categórica: “O SUS nos protegeu da barbárie. Se nós tivéssemos tido uma liderança, principalmente no governo federal, com a mínima intenção de priorizar a vida dos brasileiros, poderíamos ter feito um percurso completamente diferente. Dentro do cenário apocalíptico que se deu, o SUS nos salvou, evitou uma tragédia ainda maior”.
Ela ressaltou a importância de se construir um sistema de saúde público que priorize o bem-estar das pessoas, algo que está se provando não ser o caso com os depoimentos da CPI da Pandemia, por exemplo, ou a prescrição indiscriminada de medicamentos comprovadamente ineficazes contra o novo coronavírus - o que gera distorções até mesmo dentro da comunidade médica, segundo Rocha.
“Quando a gente coloca a saúde como um bem a ser consumido, geramos distorções. A saúde vira um meio para os médicos conseguirem coisas, não é um fim em si mesmo. E isso me entristece porque a consequência disso é a morte de pessoas que não precisavam ter morrido”, discorreu.
Por isso, ela defendeu reformas no sistema, principalmente do ponto de vista das carreiras e da preservação dos empregos dos funcionários da saúde, pontuando que ela mesma já foi demitida por questões políticas, por ser abertamente de esquerda.
Aliás, as percepções que a médica teve durante a pandemia fizeram com que ela se radicalizasse ainda mais: “Escancarou um cenário que me fez perceber que a saída estava cada vez mais à esquerda”.
Militante do PCB
Assim, Rocha, que já conciliava sua carreira na medicina com a carreira de cantora, função que exerce profissionalmente desde os 14 anos, se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Ela confessou que sempre teve Lula como ídolo, admitiu ter votado no Partido dos Trabalhadores, mas não se filiou ao PT por considerar que a legenda já “não era compatível com o quão radical eu me tornei”.
Por outro lado, afirmou que nas eleições de 2022 está disposta a votar em qualquer um contra Bolsonaro e, mais, que ficaria “muito feliz” se Lula ganhasse o pleito, “não posso negar”.
“Não tem nem comparação a situação que estamos vivendo agora com esse genocida fascista no poder com como a gente poderia estar caso Lula estivesse nos liderando. Eu espero que isso aconteça de fato, mas eu quero mais”, enfatizou.
Para a médica, não basta um governo que apenas reduza desigualdades ou construir “um país remediado que daqui 30 anos tem que lidar com outro golpe”. Rocha defendeu a necessidade de uma ruptura, declarando que, mesmo que Lula seja eleito, ela seguirá lutando para que se chegue cada vez mais próximo de uma solução “mais radical”.
E, de acordo com ela, essa luta começa agora, com a campanha Fora Bolsonaro: “Mesmo que eu não acreditasse no impeachment, e eu acredito, eu seguiria lutando para que acontecesse. Essa é a luta que tensiona o debate, que leva à soluções mais efetivas para quem realmente precisa desse amparo”.
Além disso, Rocha apontou para o fato de que as eleições de 2022 ainda estão longes e muito dano pode ser feito até lá.
“É muito tempo. E no ritmo que vai a coisa hoje, você não fica dois ou três dias sem uma tragédia. A gente não morre mais de covid, a gente morre de negligência”, ressaltou.
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