Paulo Betti defende maior debate político em novelas e recorda militância em apoio a Lula em 1989
Segundo o ator, as novelas atuais estão desconectadas da realidade social
247 - O ator Paulo Betti afirmou, em entrevista ao F5, que as novelas de hoje deveriam falar mais sobre política. Betti, que ficou marcado pelo papel de Timóteo na novela Tieta — sucesso da década de 1980 que retornou ao Vale a Pena Ver de Novo —, fez questão de abordar a importância da política no contexto das produções televisivas brasileiras.
“Foi certamente o meu personagem mais popular. Então, fico feliz de revê-lo. Fico estimulado a relembrar o momento político que atravessávamos enquanto fazíamos ‘Tieta’”, afirmou Betti. A novela foi exibida no mesmo período em que o Brasil realizou sua primeira eleição direta após 25 anos de ditadura militar, elegendo Fernando Collor como presidente. Para Betti, o cenário político da época influenciou o próprio clima da produção.
O ator explicou como a atmosfera dos bastidores, com nomes como Armando Bógus, Betty Faria e José Mayer, refletia um ambiente de efervescência política. “Você tinha uma sensação de mais liberdade nos bastidores, algo que acabava se transpondo para a novela”, lembrou. Betti reforçou a relação com esse período como uma experiência de militância orgânica, destacando seu apoio a Lula (PT) nas eleições de 1989. “Você vê a minha família, minhas irmãs, trabalhando na fábrica. O Lula era o cara que trabalhava na fábrica. Eu sabia o que era o torno, o que era um serrote, um martelo, uma plena, uma chave de fenda. Eu estava organicamente empenhado na vitória do Lula”, afirmou.
Mais de 30 anos depois, Betti segue ativo em sua missão política. Ele revelou sua experiência durante as últimas campanhas, afirmando ter feito “400 chamadas de 30 segundos personalizadas para vereadores e prefeitos progressistas em todo o Brasil”. Segundo ele, essas ações têm um custo alto, mas são essenciais para fortalecer suas convicções. “Pago caro por isso. Sou bloqueado em alguns lugares”, revelou, demonstrando as dificuldades que enfrenta em sua atuação política.
Segundo Betti, nas novelas atuais, existe uma distância preocupante entre a realidade social e o conteúdo exibido nas novelas. “A TV brasileira devia falar mais próximo da realidade. Por exemplo, assistindo a uma novela das nove, você não tem um momento em que alguém no bar está discutindo política, mencionando Lula, Bolsonaro ou [Arthur] Lira. Seria interessante se houvesse a citação nominal de personagens”, afirmou.
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