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    Ações da Petrobras desabam 30% e estatal perde R$ 91 bi de valor de mercado

    Com isso, o valor de mercado da estatal passou de R$ 306,96 bilhões para R$ 215,84 bilhões, uma perda de valor de cerca de R$ 91,12 bilhões

    (Foto: Reuters)

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    Infomoney - O Ibovespa teve uma sessão de forte queda nesta segunda-feira (9), com Petrobras (PETR3;PETR4), Vale (VALE3) e bancos desabando à medida que as cotações do petróleo despencaram até 31%, após a Arábia Saudita reduzir os preços da commodity e com projeções de queda de até US$ 20 o barril. A B3 chegou a ter o circuit breaker acionado no início da sessão, após uma baixa de mais de 10% no Ibovespa. O final da manhã foi de certa tranquilidade para o índice, mas depois a perda foi intensificada e o benchmark da bolsa fechou em queda de 12,17%.

    Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para abril encerrou a sessão despencando 24,58%, ou US$ 10,15, levando o barril a ser cotado a US$ 31,13. Na Intercontinental Exchange (ICE), o petróleo Brent para maio tombou 24,10%, ou US$ 10,91, a US$ 34,36 o barril, menor valor em quatro anos. Com isso, foi confirmada a maior queda diária desde a Guerra do Golfo, em 1991.

    As ações da Petrobras desabaram quase 30%, com baixa de 29,68% para os ativos ON e 29,70% para os papéis PN. Com isso, o valor de mercado da estatal passou de R$ 306,96 bilhões para R$ 215,84 bilhões, uma perda de valor de cerca de R$ 91,12 bilhões. A Vale caiu 15,24% e bancos também registraram baixa de até 11%. Nenhuma ação do Ibovespa avançou e diversas ações caíram mais de 10%. Além da Petrobras e Vale, ações de siderúrgicas como CSN (CSNA3, baixa de 24,57%), Usiminas (USIM5, queda de 14,61%) e Gerdau (GGBR4, queda de 17,52%) também tiveram baixa de dois dígitos.

    Papéis de frigoríficos como Marfrig (MRFG3, baixa de 23%), JBS (JBSS3, queda de 14,33%) e BRF (BRFS3, baixa de até 13,46%) têm forte queda, assim como varejistas, com destaque para a Via Varejo (VVAR3), que teve queda de 17,13%%, também em meio aos temores com o impacto do coronavírus para a economia.

    A decisão dos sauditas, que foi interpretada como uma guerra de preços, veio após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e os aliados da Opep+ não conseguirem fechar um acordo, na última sexta-feira (06), para cortar ainda mais a produção do grupo, como parte de uma estratégia para lidar com o impacto econômico do coronavírus. A Rússia, líder informal da Opep+, não aceitou uma proposta da Opep de reduzir a oferta coletiva em mais 1,5 milhão de barris por dia.

    As revisões de recomendações já começaram, com destaque para o Bradesco BBI cortando a recomendação para as ações da Petrobras para neutra.

    Até mesmo ações de aéreas têm forte queda em meio à aversão ao risco do mercado. As empresas poderiam ser beneficiadas com a queda do petróleo, já que o querosene utilizado como combustível é derivado da commodity e respondeu por 32,6% dos custos operacionais das aéreas em 2019; contudo, com a aversão ao risco global e à alta do dólar,  aéreas como Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), registraram uma sessão de fortes perdas, de cerca de 17%. Elas também são impactadas pelos temores de queda do turismo global com o coronavírus se espalhando pelo mundo.

    As menores quedas na sessão ficam com as ações da elétrica Taesa (TAEE11), com baixa de 3,30%, enquanto a Ambev (ABEV3), que registra forte queda no ano, viu os seus ativos caírem 4,24%.

    Confira mais destaques:

    Petrobras (PETR3;PETR4)

    A Petrobras teve a sua recomendação reduzida de equivalente à compra para neutra pelo Bradesco BBI em meio à revisão dos preços do petróleo pelo banco. Os analistas avaliam que haverá uma guerra de preços pela frente e que o movimento surpreendente dos sauditas poderia ser uma tentativa de trazer a Rússia de volta à mesa de negociações. Contudo, eles não avaliam que essa queda de braço será vencida rapidamente. Assim, é difícil saber quanto esse imbróglio terminará, mas deve trazer resultados negativos.

    Como resultado, os analistas reduziram a previsão do brent de US$ 65 para US$ 35 o barril este ano, avançando gradualmente para US$ 55 o barril no longo prazo. O preço-alvo para a Petrobras foi cortado de US$ 18 para US$ 11 o ADR (ou de R$ 38 para R$ 23,50 a ação preferencial).

    Em meio à derrocada da commodity, a empresa disse que está monitorando o assunto e que é prematuro projetar os impactos da queda do petróleo em suas operações e não indicou nada sobre mudança de preços dos combustíveis

    Eneva (ENEV3

    A Eneva Energia informou que enviou uma carta à AES Tietê (TIET11), que no primeiro dia do mês anunciou a intenção de realizar uma fusão entre as duas empresas. A Eneva disse que mantém o interesse na negociação e decidiu enviar a carta porque “diante da ausência de contato da AES Tietê até o momento, reafirma a disposição da sua administração, bem como de seus assessores financeiros e legais, para engajar em tratativas”.

    A Eneva entende que “a ação é corroborada tanto por seus acionistas como pelos da AES Tietê, cujos papéis tiveram uma valorização de 8,4% e 23,6%, respectivamente, no dia em que o interesse na fusão foi anunciado”. Já a AES Tietê também publicou uma carta na noite do domingo, na qual afirma que seus assessores jurídicos e financeiros analisam a oferta da Eneva. A AES também informou que marcou para a sexta-feira (13) uma Assembleia Geral Extraordinária que discutirá a questão.

    Hypera (HYPE3

    A Hypera, maior indústria farmacêutica do Brasil, divulgou balanço e informou que teve lucro líquido de R$ 246,7 milhões no quarto trimestre de 2019, uma queda de 20% em comparação a igual período de 2018. Já o lucro líquido recorrente do ano passado inteiro ficou em R$ 1,18 bilhão, uma expansão de 4,7% sobre 2018.

    A empresa informou que a melhora do resultado no consolidado do ano aconteceu porque recebeu créditos tributários de R$ 91,8 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 224,2 milhões no quarto trimestre, um recuo de 3175 em comparação a igual período do ano anterior. O Ebitda do consolidado de 2019 recuou 8,5% sobre 2018 para R$ 1,2 bilhão.

    Segundo a Hypera, houve queda porque a empresa investiu mais em pesquisa e desenvolvimento. A receita líquida da farmacêutica foi de R$ 928,6 milhões no quarto trimestre, praticamente estável em comparação a igual trimestre do ano anterior.

    O Bradesco BBI avaliou que os resultados da farmacêutica Hypera vieram um pouco mais fracos que o esperado no quarto trimestre de 2019. Segundo o banco, a produção da indústria em Anápolis (GO) foi afetada pela depreciação da moeda brasileira frente ao dólar e por despesas maiores.

    Embora a receita tenha sofrido impacto no final de 2019, o BBI avalia que a Hypera projeta a volta da produção ao normal ainda em março e no segundo trimestre, o que deverá compensar os efeitos negativos do quarto trimestre. A empresa no período realizou a compra de 18 medicamentos da japonesa Takeda, que agregou ao portfólio.

    “Nós atualizamos nossas projeções, baseados na aquisição do remédio Buscopan, dos ativos da Takeda e na recuperação de R$ 50 milhões nas vendas que a seca em Anápolis prejudicou”, comenta o banco. Como o ambiente do mercado é de competição muito forte, isso impede uma melhora nas projeções, mas o BBI manteve a recomendação neutra para o papel e incrementou o preço-alvo da ação de R$ 36,00 para 43,00. Em 6 de março, a HYPE3 fechou em R$ 39,62 na B3.

    M. Dias Branco (MDIA3)

    A M. Dias Branco teve um lucro líquido de R$ 264,9 milhões no último trimestre do ano passado, alta de 89,5%, frente aos R$ 139,8 milhões registrados no mesmo período de 2018. Enquanto isso, a receita líquida teve alta de 7,2%, para 1,694 bilhão.

    O Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 289,2 milhões, alta de 52,3% em comparação com o mesmo período em 2018.

    O Itaú BBA avaliou como positivo o balanço da indústria de alimentos e moinho de trigo M. Dias Branco, e elevou a nota da empresa para Média do Mercado – antes era classificada como “underperform” (abaixo da média).

    Segundo o BBA, o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) chegou 30% acima das projeções do banco, e os fortes volumes de vendas de bolachas e massas ajudaram na diluição dos custos no quarto trimestre.

    O BBA avalia que o cenário é melhor para a M. Dias Branco no começo deste ano. “Acreditamos que a M. Dias é uma das empresas da nossa cobertura que sofrerá menos impacto por causa do coronavírus. Seus produtos dependem menos das longas cadeias globais de suprimentos e são consumidos nos lares. No lado negativo, acreditamos que a valorização do dólar pode ter efeitos nos resultados do segundo trimestre por causa do preço do trigo”, comenta o BBA.

    Azul (AZUL4)

    A Azul anunciou hoje os resultados do tráfego em fevereiro. Segundo a empresa aérea, o tráfego de passageiros consolidado (RPK) avançou 25,1% em comparação a fevereiro de 2019, com um aumento da mesma magnitude na capacidade (ASK). A taxa de ocupação nos voos cresceu 0,1% para 81,2%.A taxa de ocupação doméstica foi de 81,6%, enquanto a internacional foi de 79,9%. O executivo-chefe da Azul, John Rodgerson, comentou que a empresa encerrou o mês com 40 aeronaves Airbus 320neo e quatro Embraer-2 (E-2), “os principais propulsores da nossa expansão de margem daqui para a frente”.

    Taesa (TAEE11)

    A Taesa, subsidiária da estatal elétrica Cemig (CMIG3), concluiu na semana passada a aquisição da transmissora de energia Rialma, que atua no Estado do Rio Grande do Norte. A Taesa pagou R$ 56,7 milhões na transmissora potiguar. O objetivo da Taesa é expandir as operações no Nordeste do país.

    Siderúrgicas

    Em jantar com Jair Bolsonaro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que não promete o adiamento da imposição de mais tarifas ao Brasil. Em dezembro, Trump disse que iria retomar a tarifa de aço de Brasil e Argentina. Dias depois, o assessor econômico do presidente, Larry Kudlow, disse que ainda não havia decisão sobre o assunto.

    IRB (IRBR3)

    Segundo o Valor, o IRB deve anunciar Antonio Cassio como seu novo presidente do conselho. Cassio é CEO da Generali para as Américas desde 2015 e deve renunciar. Atualmente, Pedro Guimarães é o presidente interino do conselho, cargo que assumiu após a renúncia de Ivan Monteiro em 28 de fevereiro.

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