Analistas de mercado já falam em divórcio entre Bolsonaro e os investidores
O governo pediu de fato o divórcio do mercado, as credenciais do mercado perante o governo foram fortemente abaladas. O impacto imediato pode não ser tão extremo como o ‘Joesley Day’, mas vai ser mais duradouro”, diz Roberto Attuch, da Ohmresearch
Por Priscila Yazbek, do Infomoney – Entre economistas e analistas que acreditam que as últimas notícias sobre a Petrobras (PETR4;PETR3) representam o divórcio do governo Bolsonaro e do mercado e períodos turbulentos pela frente, e os que acreditam em um impacto mais parecido com o “Joesley Day”, quando a Bolsa teve forte queda, mas logo se recuperou, todos concordam em um ponto: a segunda-feira (22) será de volatilidade, baixa na Bolsa e queda forte da Petrobras e de ações de estatais, com destaque para as elétricas.
Na sexta-feira, após a indicação do general Joaquim Silva e Luna para substituir Roberto Castello Branco na presidência da Petrobras, o EWZ, principal ETF brasileiro negociado no mercado americano, que replica o índice MSCI Brazil, caiu 3,64% no after market, período de negociação após o fechamento regular do mercado.
“Olhando o que aconteceu lá fora e considerando que o EWZ é dolarizado, espero uma queda de 2% a 2,5% na Bolsa nesta segunda, com todas as estatais estão sofrendo muito, principalmente Petrobras e Eletrobras [ELET3] – além de uma queda de 1% a 1,5% no dólar”, afirma Pedro Lang, head de renda variável da Valor Investimentos.
Um sinal de que a queda da estatal deve ser acentuada está nos ADRs da Petrobras, os recibos das ações negociados na Bolsa de Nova York. Os papéis fecharam o after market com queda de 9,55% na noite de sexta-feira (19), cotados a US$ 9,09.
Na B3, as ações preferenciais da estatal (PETR4, sem direito a voto) já haviam fechado a sexta em queda de 6,62%, apenas com a fala de Bolsonaro de que algo iria acontecer nos próximos dias, sem especificar o que seria. Junto à queda de 7,92% dos papéis ordinários (PETR3, com direito a voto), o valor de mercado da estatal passou de R$ 383 bilhões na quinta-feira (18) para R$ 354,8 bilhões na sexta, um valor R$ 28,2 bilhões menor.
Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital e ex-diretor Banco Central, afirma que a queda vista no after market deve se repetir no pregão regular na segunda-feira, mas ressalta que o impacto deve ser limitado porque a discussão, por ora, não chegou a mexer com premissas fiscais.
“É só mais um sinal amarelo, bem ruim, sem dúvida, mas não é o caso de dizer que o governo deu uma guinada completa. Se fosse uma questão fiscal seria outra história. A situação das estatais sempre foi difícil, no próprio governo de Michel Temer, que era mais liberal, coisas assim aconteceram. A sinalização é péssima, mas tendo o fiscal preservado, não é algo que muda completamente o ambiente”, diz Figueiredo.
Roberto Attuch Jr., fundador e CEO da Ohmresearch, já tem uma visão mais pessimista sobre o cenário que está se desenhando. “Tem gente que está colocando panos quentes e comparando a situação atual ao ‘Joesley Day’, no sentido de achar que a Bolsa vai cair muito na segunda e daqui a um mês ninguém mais vai pensar nisso. O governo pediu de fato o divórcio do mercado, as credenciais do mercado perante o governo foram fortemente abaladas. O impacto imediato pode não ser tão extremo como o ‘Joesley Day’, mas vai ser mais duradouro”, diz.
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