Após apagão, profissionais pedem socorro ao presidente Lula
Trabalhadores denunciaram um "sucateamento acelerado do quadro técnico operacional das empresas Eletrobrás"
247 - Profissionais de operação e manutenção dos sistemas de geração e transmissão da Eletrobrás escreveram uma carta ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em crítica à desestatização da empresa, privatizada após decisão do governo Jair Bolsonaro (PL) no ano passado. "Sr. Presidente, para finalizar esta carta é um pedido de socorro à Eletrobrás", afirmaram os trabalhadores, que denunciaram um "sucateamento acelerado do quadro técnico operacional das empresas Eletrobrás". A carta foi endereçada ao chefe do Executivo federal após o apagão em 25 estados e no Distrito Federal.
"Sr. Presidente, infelizmente, muitos de nós que assinamos esta carta já não fazemos mais parte dos quadros de funcionários das empresas Eletrobras, uma vez que a partir de junho/2022, após a privatização da Companhia, a atual gestão sob a liderança do seu presidente Sr. Wilson Pinto Ferreira Júnior, iniciou um processo frenético de demissão de profissionais, seja por meio de PDV forçado, cujas adesões foram obtidas por meio de torturas psicológicas e assédio moral coletivo, como também de demissões sem PDV", continuaram.
Segundo os trabalhadores, "o que estão fazendo com a Eletrobras é um verdadeiro crime contra a sociedade e contra o desenvolvimento do País, por isso, nós não poderíamos ficar alheios e inertes ao processo acelerado de destruição de tudo aquilo que ajudamos a construir ao longo de mais de 50 anos, com muito esforço e dedicação".
Parlamentares repercutiram o apagão e defenderam a reestatização da Eletrobrás. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, criticou a privatização da empresa. Em tom de crítica, o titular da pasta disse que ficou sabendo pela imprensa das mudanças no comando da estatal.
Veja agora a carta dos trabalhadores ao presidente Lula:
É com muita satisfação que cumprimentamos Vossa Excelência pelas ações que seu governo está implementando no setor elétrico brasileiro, com destaque para o relançamento do importantíssimo programa Luz para Todos, que propiciará a inclusão energética e social de muitas famílias brasileiras, bem como a inauguração da interligação de municípios do Estado do Amazonas ao SIN (Sistema Interligado Nacional) e a assinatura de Ordem de Serviço para construção do Linhão Manaus-Boa Vista (RR), que também interligará Roraima ao Sistema.
Sr. Presidente, somos trabalhadores e trabalhadoras da ELETRONORTE, CHESF, FURNAS e CGT ELETROSUL, subsidiárias da ELETROBRAS, que juntamente com a holding foram privatizadas de forma irresponsável, num verdadeiro CRIME DE LESA-PÁTRIA, que transferiu o controle acionário da maior empresa de energia elétrica da América Latina para o grupo de acionistas minoritários, apoiados por agentes públicos que tinham o dever e obrigação de defender os interesses e direitos societários da União Federal e sociedade brasileira.
Sr. Presidente, atuamos nos processos produtivos de operação e manutenção dos sistemas elétricos de geração e transmissão de energia das empresas do Sistema Eletrobras – somos os responsáveis por manter todo o sistema funcionando com segurança e confiabilidade.
Sr. Presidente, infelizmente, muitos de nós que assinamos esta carta já não fazemos mais parte dos quadros de funcionários das empresas Eletrobras, uma vez que a partir de junho/2022, após a privatização da Companhia, a atual gestão sob a liderança do seu presidente Sr. Wilson Pinto Ferreira Júnior, iniciou um processo frenético de demissão de profissionais, seja por meio de PDV forçado, cujas adesões foram obtidas por meio de torturas psicológicas e assédio moral coletivo, como também de demissões sem PDV.
Sr. Presidente, o que estão fazendo com a Eletrobras é um verdadeiro crime contra a sociedade e contra o desenvolvimento do país, por isso, nós não poderíamos ficar alheios e inertes ao processo acelerado de destruição de tudo aquilo que ajudamos a construir ao longo de mais de 50 anos, com muito esforço e dedicação.
Sr. Presidente, lamentavelmente, a referida privatização foi efetivada em junho de 2022 e depois desta famigerada data, as consequências maléficas começam a aparecer, conforme relatamos abaixo, relativas ao que está acontecendo no âmbito das empresas ELETROBRAS, e que são do conhecimento do MME e da Casa Civil:
1. Sucateamento acelerado do quadro técnico operacional das empresas Eletrobras: Em menos de 12 meses serão demitidos, via PDV forçado e sem planejamento, mais de 4 mil trabalhadores e trabalhadoras, cuja consequência principal será a perda de capital intelectual e capacidade técnica em todas as empresas do grupo de norte a sul do país, bem como o aumento dos riscos operacionais;
2. Aumento da ocorrência de acidentes de trabalho nas empresas Eletrobras, sendo que na subsidiária CHESF houve o registro de acidentes fatais (morte de trabalhadores);
3. Explosão e incêndio do transformador elevador da Unidade 19 da Usina Hidrelétrica de Tucuruí no estado do Pará no dia 31/07/23 – algo que nunca ocorreu desde que a usina foi inaugurada;
4. Registro de acidentes envolvendo transporte de cargas na Usina de Candiota, e
5. Não podemos deixar de citar, o aumento estratosférico dos salários do CEO, dos Vice-Presidentes e dos Conselheiros – um verdadeiro acinte contra os consumidores de energia elétrica.
Sr. Presidente, o sucateamento e as ocorrências citadas acima, são apenas a ponta do iceberg do que vem acontecendo. O que acontecerá daqui para frente, a partir da governança e gestão que está sendo adotada na Eletrobras e suas empresas, será processo de destruição interno acelerado e sem nenhuma preocupação com o futuro da empresa e com os consumidores. Nunca é demais relembrar o que aconteceu na cidade de Macapá, capital do estado do Amapá, que sofreu vários dias sem energia, por conta de problemas técnicos e de planejamento enfrentados pela concessionária empresa privada responsável pelo abastecimento, sendo que a solução do apagão foi diligenciada pelos engenheiros e técnicos das ELETRONORTE ESTATAL. Se o referido problema tivesse ocorrido hoje, possivelmente a Eletronorte privada, focada tão somente no lucro e com quadro de pessoal sucateado estaria assistindo o episódio de camarote.
Sr. Presidente, sua decisão de entrar com ação no STF reivindicando, via ADI, o reconhecimento dos direitos políticos da UNIÃO FEDERAL na governança e gestão da Eletrobras, proporcionalmente à participação de 43%, foi muito acertada e conta integralmente com o nosso apoio, pois só assim, a ELETROBRAS poderá continuar servindo com competência à sociedade brasileira.
Sr. Presidente, em decorrência da referida ADI, o atual Conselho de Administração da Eletrobras, liderado composto por membros indicados por acionistas minoritários e a Diretoria Executiva (escolhida por este mesmo conselho) está adotando uma série de medidas de gestão que estão sucateando rapidamente a Eletrobras e suas subsidiárias ELETRONORTE, CHESF, FURNAS e CGT ELETROSUL, numa estratégia de fazer tudo e de qualquer forma, antes da decisão definitiva do STF. Ressaltamos, que não se trata de medidas de gestão, trata-se de medidas destruidoras e em desrespeito ao maior acionista da Companhia – que é a União, ao Poder Concedente e ao Presidente da República.
Sr. Presidente, todo o sucateamento que está sendo implementado na Eletrobras é fruto da gestão que está sendo feita diretamente pelo Conselho de Administração e seus Comitês de Assessoramento, com participação direta do acionista preferencialista 3G Radar - que do alto de uma posição privilegiada age em detrimento aos interesses da União e dos demais acionistas da Companhia.
Sr. Presidente, para finalizar esta carta é um pedido de socorro à Eletrobras. Vimos pedir Vosso apoio, para que o Ministério de Minas e Energia – MME, a Casa Civil e a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (que representa e defende os direitos da União na Eletrobras) adotem providências urgentes junto à governança e alta administração da Eletrobras, inclusive principais acionistas, para sustar os processos de demissões em curso, da destruição e sucateamento conduzido pelo atual Conselho de Administração e Diretoria Executiva da empresa, de forma que as mudanças sejam feitas com planejamento, visando uma transição segura e preservando a capacidade técnica da Eletrobras e de suas empresas Chesf, Furnas, Eletronorte e CGT Eletrosul!
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