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    Armínio: é preciso acelerar o ajuste fiscal

    O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga defendeu a aceleração do ajuste fiscal, com a necessidade de talvez aumentar impostos e reduzir desonerações; para ele, a política macroeconômica está "desbalanceada", com uma gestão fiscal expansionista e um peso "monumental" sobre a política monetária; Teríamos um programa muito mais robusto de enfrentamento da crise, se o governo não estivesse deixando parte importante do ajuste para o futuro", afirmou

    Armínio Fraga (Foto: Giuliana Miranda)
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    247 - O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga defendeu a aceleração do ajuste fiscal. Para ele, a política macroeconômica está "desbalanceada", com uma gestão fiscal expansionista e um peso "monumental" sobre a política monetária. Seria preciso mudar esse "mix", encorpando o ajuste fiscal de imediato. Para isso talvez seja necessário aumentar impostos e/ou reduzir as desonerações. Teríamos um programa muito mais robusto de enfrentamento da crise, se o governo não estivesse deixando parte importante do ajuste para o futuro".

    As declarações foram feitas em entrevista ao Valor, em que Fraga não esconde a preocupação com a situação da economia, em recessão e com imensa dificuldade de esboçar reação; com a instabilidade política e o desmonte do núcleo mais próximo do presidente da República (na sexta feira o então ministro Geddel Vieira demitiu-se). Salienta, também, o risco da aprovação do projeto que anistia a prática de caixa 2. 

    "Em um momento de tanta incerteza, o compromisso com um ajuste fiscal para daqui dois ou cinco anos não tem peso algum no presente. O futuro é descontado de forma quase absoluta, a uma taxa muito alta. E, como vínhamos dizendo há tempos, a nova matriz econômica acabou com a economia brasileira. Essas são coisas que criam uma tensão tremenda", observa. O resultado é que a atividade não se moveu.

    Arminio aponta, também, outro sinal inquietante. "O que vejo é uma dinâmica da dívida avassaladora, porque não estão contando com os custos da crise dos Estados, que só vão crescer. Está cheio de coisas que não aparecem." Cita, ainda, a elevação substancial dos juros para as pessoas físicas ao longo deste ano que, além de endividadas, têm que arcar com o crescimento dos serviços da dívida.

    Da redução da taxa de juros pode vir um importante estímulo à recuperação. O Banco Central começou a cortar a taxa Selic em outubro, mas também está amarrado em uma meta de inflação "muito dura", de 4,5% para 2017. Há, nos juros, uma ampla margem de redução, mas não se sabe se o Comitê de Política Monetária (Copom), que reune-se esta semana, terá que esperar um pouco mais para acelerar o passo ou não.

    Aflige o ex-presidente do BC a "paralisia" do governo, que optou por se concentrar demais em uma ou duas medidas, enquanto a discussão poderia estar avançando em questões paralelas. Ou seja, o governo está mergulhado na aprovação da PEC do teto do gasto, e na conclusão da proposta de reforma da Previdência. Poderia, contudo, estar trabalhando também em uma agenda de reformas microeconômicas, assim como no aperfeiçoamento do arcabouço legal, por exemplo, do controle fiscal."

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